terça-feira, 22 de julho de 2008

História da família Brasil (II) - A origem do sobrenome


A origem do sobrenome Brasil
- João Thomaz da Silva Brasil -
autoria de Diego de Leão Pufal

Embora o sobrenome Brasil já existisse na ilha de São Jorge, nos Açores, Portugal, desde o século XV, não é o caso da nossa família, que acabou por adotar o patronímico por volta de 1850, no Rio Grande do Sul.
A família inicia-se com a vinda de Anacleto José Gonçalves, nascido por volta de 1780 em Lisboa (para outros, na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, Torre de Moncorvo, Porto) para o Brasil. Anacleto radicou-se em Santo Antônio da Patrulha/RS, onde aos 26 de abril de 1803 casou-se com Thomásia Rodrigues da Silva, nascida em Viamão pelos idos de 1780, filha de Antônio Rodrigues da Silva e de Maria Ângela da Silva, esta neta de índios. Deste casamento houve, no mínimo, nove filhos, sendo que alguns seguiram com o sobrenome Gonçalves e outros, com o da Silva.
Foi o caso de João Thomaz da Silva, nascido pelo ano de 1824 em Santo Antônio da Patrulha, que aos onze anos de idade se estabeleceu em Santa Maria da Boca do Monte.
Nesta cidade incluiu no seu nome o "Brasil", em razão de um homônimo comerciante, como dizem. Anos depois, em 12 de abril de 1855 casou-se com Francisca Gomes de Oliveira, que foi exposta (enjeitada) em casa de Antônio da Costa Pavão e batizada a 30 de abril de 1840 em Santa Maria, tendo sido criada por Mathilde da Costa Pavão, filha de Antônio.
Três anos após, João Thomaz da Silva Brasil foi eleito vereador, compondo a primeira Câmara de Vereadores de Santa Maria, deixando o comércio de lado. Nesse mesmo período, juntamente com outro vereador, elaborou o Código de Posturas do Município, enquanto que nos anos seguintes exerceu os cargos de Juiz de Paz, Promotor Público dativo, até voltar à vereança, sem prejuízo de outros que desempenhou.
A vida de João Thomaz foi assim retratada pelo neto, Dr. Mário da Silva Brasil, que em sua biografia (de 06-09-1950) escreveu:
"Meu avô, João Thomaz da Silva Brasil, era filho de Santo Antônio da Patrulha, onde nasceu em 1824, sendo seus pais Anacleto José Gonçalves, português de nascimento e falecido em Cruz Alta em 1835 e Tomazia Rodrigues da Silva. O meu avô, que viera ainda criança, com 11 anos, para Santa Maria, aí se fez homem, casando-se em 1857. Dedicou-se ao comércio, tendo adotado por essa ocasião o sobrenome Brasil por haver um outro comerciante seu homônimo. Em 19 de maio de 1858 foi eleito vereador da 1ª Câmara Municipal, como refere Hemetério José Veloso da Silveira, em sua obra sobre as Missões Orentais, às pags. 596 e João da Silva Belém, em sua História do Município de Santa Maria, às pags. de número 108, 110, 113, 114, 119 e 122, sendo designado com outro vereador para organizar o Código de Posturas do Município. Terminado o mandato em 1860, foi eleito juiz de paz do 1º distrito para os períodos de 1861-64, 1873-76 e 1877-80, sendo novamente eleito vereador da 3ª câmara para o quadriênio de 1865-68. Desempenhou ainda o cargo de promotor ad-hoc, além de outras representações públicas. Alguns anos depois mudou-se para o Passo do Raimundo, onde se fez agricultor. Homem inteligente e imaginoso, montou um engenho de cana para a fabricação de álcool, assucar e seus derivados, além de uma cantina cujas máquinas ele mesmo inventou e fabricou. Durante muitos anos trabalhou nestas indústrias com bons resultados, abandonando-as depois, devido à idade. Faleceu em 15 de junho de 1904, com 80 anos de idade, deixando 11 filhos, sendo o mais velho o meu pai, José da Silva Brasil, nascido em 8 de novembro de 1858."
No mesmo sentido, mencionou o historiador Romeu Beltrão (Cronologia Histórica de Santa Maria e do extinto muncípio de São Martinho. 2ª ed. 1979, p. 170):
São indicados como eleitores especiais do 4º distrito para o triênio 1856-1858, para elegerem em Cachoeira os deputados gerais e provinciais: (...) João Tomás da Silva Brasil (...)". Ainda, é citado às págs. 174/176; 193; 199; 297 e 355. Nesta última, diz que: "1889, Janeiro, 26 - Em reunião convocada por João Daudt Filho é constituída a sociedade anônima por ações denominada Sociedade Treze de Maio, a fim de promover a construção de um teatro, que também se chamará Treze de Maio, na esquina da praça Saldanha Marinho com a rua Venâncio Aires. Na reunião foram subscritos 20 contos de réis em ações. A primeira providência é tratar de adquirir o terreno, de propriedade da sociedade dramática Fênix Familiar, já inativa na época, à qual pertecenram, entre outros, João Tomás da Silva Brasil (...).
Com o avançar dos anos, João Thomaz deixou a vida pública, mudando-se para o Passo do Raymundo (terras pertencentes então à família Pavão), local que atualmente leva o nome de Rincão dos Brasil, quando passou a se dedicar à agricultura. Mesmo com a morte da esposa Francisca, em 14 de fevereiro de 1890, João Thomaz ficou ali residindo com os filhos e netos, até o seu falecimento em 15 de junho de 1904, aos oitenta anos de idade.
Do seu casamento deixou doze filhos, todos com larga geração, sendo que alguns descendentes até hoje vivem no Rincão dos Brasil, onde são agricultores.
Em homenagem a João Thomaz - o "fundador" da família Brasil em Santa Maria -, o município batizou uma escola com o seu nome.