quarta-feira, 23 de julho de 2008

Italianos no RS: os Canova (Porto Alegre)

FAMÍLIA CANOVA

autoria de Diego de Leão Pufal
[acréscimos, dúvidas e correções escreva para diegopufal@gmail.com]
[Esta publicação pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego de Leão. Família Canovain blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/] 
[publicado em 23/07/2008]
[atualizado em 29/03/2020]



Ciro Mioranza, em seu dicionário dos sobrenomes italianos, aponta a origem do patronímico Canova: é uma variação de Caneva, que varia de Canepa, podendo se referir a caneva (do latim cannaba, cantina, celeiro, despensa). Canepa, variação de Canapa. Canapa, do latim cannabis, cânhamo, recorda o cultivo e a comercialização das fibras deste vegetal para a confecção de tecidos. O sobrenome Canova pronuncia-se “Cánova”.

[Na foto: Domenico Canova e 
Pierina Trenti Canova (sentados); 
Giuseppe, Carolina e
 Ginevra Canova (em pé), 
Porto Alegre, 1893].

Várias foram as famílias Canova e Caneva que emigraram para o Brasil, na sua grande maioria oriundas da Província de Vicenza, e com provável parentesco, porém distante. Em razão disso, até por desconhecer a relação do imigrante Domenico Canova com os demais, limitei-me a pesquisar e relacionar a história e a descendência deste ramo Canova, estabelecido em Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, o qual conta atualmente com apenas 27 (vinte e sete) descendentes, apesar de já se encontrar na sétima geração – três na Itália e quatro no Brasil –, sendo que o sobrenome foi "extinto", já que seu descendente homem (por varonia) não deixou filhos.
A família Canova, composta por Domenico Canova, sua esposa Pierina Giovanna Trenti, e os filhos: Giuseppe, Ginevra e Carolina Canova (foto ao lado), saiu de sua terra natal, Schio (em Vicenza), embarcando para o Brasil no porto de Gênova, no ano de 1893. No mesmo ano chegou ao Brasil, estabelecendo-se em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no Quarto Distrito, à Rua do Parque.
Eis o que já se conseguiu apurar sobre as raízes da família na Itália e no Brasil:
1. GIUSEPPE CANOVA, nasceu a 18/08/1817 em Carmini, Vicenza, Vicenza, Vêneto, Itália, onde faleceu. Tinha a profissão de cocchiere (cocheiro) e era filho de Domenico Canova (nascido por volta de 1797, Vicenza) e Andrea Casotto (nascida em 1796 em Tremignano, TV, Itália), neto paterno de Francesco Canova e Domenica Meneghini, nascidos pelos idos de 1760/1760. Giuseppe Canova casou a 04/02/1844, Carmini, Vicenza, Vicenza, Itália, com Maria Magdalena Magnabosco, nascida a 1º/08/1823, Canove, Roana, Vicenza, filha de Bortolo Magnabosco e Anna SpillerO casal não emigrou para o Brasil, apenas o filho, que segue:
2.1. DOMENICO ANTONIO LUIGI CANOVA (no Brasil: Domingos Canova), nasceu a 23/10/1852 na cidade de Carmini, Vicenza, Vicenza, Vêneto, Itália e faleceu aos 45 anos, a 07/02/1897 em Porto Alegre/RS, às 18 horas na Rua do Parque, n.º 41, de febre tifóide complicada (sic), sepultado no cemitério da Santa Casa de Porto Alegre, e, após, seus restos trasladados para o cemitério São João. Casou a 09/06/1878 na cidade de Schio, Província de Vicenza, Vêneto, Itália, com Pietra Giovanna Trenti (nome de batismo, pois era chamada de Pierina). Vó Pierina como era conhecida, nasceu a 27/03/1858 na cidade de Verona ou na de Soave, Verona, Vêneto, Itália, e faleceu aos 87 anos, a 06/06/1945 em Porto Alegre, tendo sido sepultada no cemitério São João. Era filha de Marco Trenti e Caterina Sabaini, os quais também não vieram para o Brasil (vide maiores informações em: http://pufal.blogspot.com/2011/04/italianos-no-rs-ix-os-trenti.html). Vó Pierina era parteira (reparatrice) de profissão e, Domenico, tecelão (tessitore).
·                    Ainda não foi possível descobrir o ano e o nome do navio exato em que a família Canova veio para o Brasil, mas apenas que deve ter emigrado em 1893, estabelecendo-se em Porto Alegre no quarto distrito, entre os Bairros São Geraldo e Navegantes. Domingos, como referido, era tecelão e, conforme sua neta Josephina Scorcioni, se empregou em uma fábrica de tecidos – Fiatece – localizada no Caminho Novo (atualmente Rua Voluntários da Pátria), esquina Avenida São Pedro.
·                     Os primeiros anos na nova terra foram duros, tanto em razão da língua e costumes, como em virtude do falecimento da filha menor do casal – Carolina –, seguida pela irmã Maria, quando a família decidiu voltar à Itália. Contudo, nesse ínterim, Domingos veio a falecer de febre tifóide, deixando a viúva e dois filhos, obrigando Pierina a trabalhar em diversos locais em Porto Alegre, dentre eles, os “Correios e Telegraphos”.
·                     A família, a exemplo dos demais italianos radicados em Porto Alegre, era freguesa da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Avenida Independência, passando ao longo dos anos para a igreja de Nossa Senhora dos Navegantes.
·                     Domingos e Pierina provavelmente tiveram vários filhos entre Giuseppe e Genebra, dada a grande diferença de idade entre eles, de dez anos, os quais faleceram, creio eu, em tenra idade ainda na Itália. Dos que consegui apurar foram quatro filhos: Giuseppe, Genebra, Carolina e Maria Canova, tendo criado ainda a menina Felícia casada depois com Francisco Macokis (sic).
Pais de:
3.1. GIUSEPPE CANOVA, tio Peppe como era conhecido, levou o nome do avô paterno (no Brasil: José Canova). Nasceu a 07/11/1878, na cidade de Schio, Vicenza, Vêneto, Itália e faleceu em setembro de 1924 em Porto Alegre. Casou a 08/06/1907 na igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre, com Vittória Piva, que nasceu em 1884 na Itália e faleceu em Porto Alegre, pouco depois do marido, de tuberculose. Era filha de Ermenegildo Piva[1] (*1849, Itália) e Ângela Felipetto ou Braganhola ou Bragagnola (*1852, Itália); n.p. Luigi Piva (*Itália onde fal.) e de Antonia Bordina (*1826, Itália e fal. em Porto Alegre); n.m. Matteo Braganhola e Ângela, naturais da Itália. O casal residia próximo à Rua do Parque em Porto Alegre e teve apenas dois filhos, sendo que a segunda faleceu em tenra idade. “Tio Peppe” trabalhava numa fábrica de cerveja em Porto Alegre e teria falecido de tifo. Pais de:
4.1. DOMINGOS HERMENEGILDO CANOVA (Nelo), levou os nomes de seus dois avós, Domenico Canova e Hermenegildo Piva. Nasceu a 09/09/1908 em Porto Alegre, tendo sido batizado a 01/11/1908 na Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, e faleceu a 25/10/1975 em Porto Alegre, sendo sepultado no cemitério São João. Casou no ano de 1943 com Aida Ribeiro que nasceu a 19/01/1921 em General Câmara, sendo filha de Fioravante Tomás Ribeiro e Margarida de Paula. Nelo foi criado pela avó Pierina, e Aida Ribeiro reside em Porto Alegre, sem descendência.
4.2. ANGELINA PIERINA CANOVA que levou os nomes de suas avós, Ângela Felipetto e Pierina Trenti. Nasceu a 12/05/1910 em Porto Alegre e foi batizada a 01/10/1911 na Igreja de N. Sra. dos Navegantes, tendo falecido dois meses após a 16/12/1911.
3.2. GENEBRA CANOVA, registrada com o nome de Ginevra e conhecida como vó Boeta, chegou ao Brasil com cerca de cinco anos. Nasceu a 26/02/1888 na cidade de Schio, Vicenza, Itália, e faleceu aos 74 anos, a 06/12/1962 em casa, na Rua Beiruth n.º 63, em Porto Alegre, de enfarte de miocárdio, sendo sepultada no cemitério São João. Uniu-se por volta de 1907 com João Scorcioni, pois só vieram a casar pelo civil em 13/11/1926, em Porto Alegre, quando reconheceram as filhas Luiza e Josephina. João Romano Constantino Colatti Scorcioni – nome de batismo – nasceu a 24/06/1879[2] na fazenda dos Prazeres em São Leopoldo, onde foi batizado a 03/07/1880, e faleceu aos 63 anos de câncer de laringe, a 22/06/1942 em Porto Alegre (sepultado no cemitério São João). João Scorcioni era filho dos italianos Alessandro Scorcioni e Luigia Colatti ou Colatto.
João Scorcioni era comerciante e vidraceiro, estabelecido com Armazém de Secos e Molhados. O casal residiu primeiramente na Rua do Parque, depois na Conselheiro Travassos e, por fim, na Rua Beiruth n. 83, no Bairro Navegantes, onde João faleceu. O casal deixou duas filhas, que seguem:
4.1. LUIZA PIERINA SCORCIONI (Tati), levou os nomes de suas avós Luigia Colatto e Pierina Trenti. Nasceu a 13/09/1908 em Porto Alegre, e foi batizada a 15/12/1909 na igreja de N. Sra. da Conceição, e faleceu aos 76 anos, a 02/10/1984, em Porto Alegre, em seu apartamento na Avenida Amazonas, n. 1068/202, de embolia pulmonar, arterite de células gigantes e vasculite necrosante, sepultada no cemitério São João. Luiza casou a 04/12/1926 em Porto Alegre (no civil), e vinte e cinco anos após na Igreja São Pedro, com Helmuth Schmidt Filho (vô Schmidt), nascido a 02/03/1898 em Aurora, no município de Taquara, onde batizado (igreja evangélica) a 15/06/1898 em Igrejinha e falecido a 27/09/1958 em Porto Alegre, aos 60 anos de idade de síncope cardíaca, cardiopatia artéria esclerótica e enfisema pulmonar, em sua residência localizada na Rua Almirante Tamandaré, n. 464 (cuja casa ainda existe). Helmuth era filho de Helmuth Schmitt, natural de Campo Bom (um dos primeiros moradores de Canela), e de Leopoldina Guilhermina Fischer, natural do Morro da Fortaleza, município de Taquara.
·            Luiza estudou no Grupo Escolar Voluntários da Pátria, com a irmã Josephina, formando-se, depois, em Prático-Licenciado de Odontologia, juntamente com Otávio Rocha, conforme conta a família, tendo sido uma das pioneiras nesta atividade, mas pouco exerceu a profissão.
·                    Helmuth era comerciante e vidraceiro, cujo ofício aprendeu com seus tios Fredolino Fischer, Artur Fischer e Antônio Genta. Com o último se associou na Casa Genta & Schmidt Ltda, empresa de grande porte para a época e muito conhecida no Rio Grande do Sul pelos seus belos trabalhos em vitrais, arte em vidros e trabalhos em espelho.
·                    O casal teve duas filhas: Odette Luiza Schmidt (c/c Pedro Corrêa Pufal, meus avôs paternos), e Ivonny Leopoldina Schmidt (c/c Ery Fischer).
4.2. JOSEPHINA SCORCIONI (Tia Fifi), levou o nome de sua tia-avó Josephina Colatto, irmã de Luigia Colatto. Nasceu a 21/12/1909 em Porto Alegre e foi batizada em 24/03/1911 na Igreja de N. Sra. da Conceição e faleceu a 4/11/2008, Porto Alegre. Casou a 14/09/1932 na igreja de N. Sra. dos Navegantes, em Porto Alegre, com Francisco Adolfo Luckei (tio Chico), nascido a 21/05/1906 em Erechim e falecido a 12/02/1983 em Porto Alegre. Francisco Adolfo era filho de Theodor Luckei (nascido a 19/09/1886 na Alemanha e falecido a 19/12/1963 em Porto Alegre) e de Bertha Maria Barbara Minnach (nascida em 1886 na Alemanha e falecida a 01/05/1971 em Porto Alegre), neto materno de August Minnach e Anna, naturais da Alemanha. Foram pais de dois filhos: João Theodoro Luckei e Evaldo Francisco Luckei, ambos falecidos em Porto Alegre.
·                    Tia Fifi residia em Porto Alegre. Ela e o marido foram proprietários de um armazém de secos e molhados, ramo de seu pai e sogro, no Bairro Navegantes.
3.3. CAROLINA CANOVA, filha de Domenico Canova e Pierina Trenti, nasceu a 20/01/1891 na cidade de Schio, Vicenza, Itália, tendo chegado ao Brasil com cerca de dois anos de idade. Faleceu aos cinco anos, de meningite, a 19/03/1896.
3.4. MARIA CANOVA, nasceu a 02/08/1895 em Porto Alegre e foi batizada a 17/08/1895 na igreja de N. Sra. do Rosário, data em que também faleceu.
***
[1]Vide família PIVA neste blog: http://pufal.blogspot.com/search?q=piva.
[2] Conforme o registro de batismo, João teria nascido a 03/06/1879.