terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sites Genealógicos

SITES GENEALÓGICOS

Com o crescente interesse na busca das origens, a internet tornou-se uma ótima fonte de pesquisas. Muitos são os sites que cuidam da matéria, alguns com a história e genealogia de determinadas famílias, outros com genealogias completas de locais, afora os bancos de dados que sempre e muito auxiliam no encontro dos nossos. Hoje, muito diferente de dez anos atrás, é possível pesquisar, por exemplo, vários documentos franceses originais on line ou encontrar índices e transcrições de registros católicos e evangélicos realizados na Rússia ou Portugal a partir do século XVIII. Já as listas de discussão em genealogia, classificadas geralmente pela região do país ou pela etnia, podem também ser bem proveitosas, não só pelo contato com outros interessados no assunto, mas também pela troca de informações e experiências. Em razão disso, relaciono alguns sítios interessantes que podem, eventualmente, trazer subsídios à pesquisa:



INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS

http://catalog.crl.edu/search/ (site de universidade americana, no qual é possível pesquisar diversos documentos antigos brasileiros, a exemplo dos Relatórios das Províncias).
http://www.apers.rs.gov.br/portal/index.php (do Arquivo Público do RS; permite a pesquisa on line de habilitações de casamento de alguns dos municípios do Estado, bem como documentos de escravidão, afora outros documentos).
http://www.cbg.org.br/ (Colégio Brasileiro de Genealogia, além de algumas genealogias apresentadas, conta com acervo genealógico e biblioteca)
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do (do Governo Federal, onde disponibilizadas várias obras literárias que caíram em domínio público, sendo permitido baixar na íntegra o documento original).
http://www.familysearch.com/ (site da igreja mórmon; além do banco de dados existente, é possível verificar números de microfilmes para pesquisa nos CHF respectivos, bem como baixar o programa exclusivo de genealogia “PAF – Personal Ancestral File”).
http://www.gencircles.com/ (busca de sobrenomes em geral).
http://www.genealogy.euweb.cz/ (genealogias reais do mundo).
http://www.geneanet.org/ (buscas de sobrenome em geral, mas com predominância de linhas francesas e alemãs).
http://www.ingers.org.br/ (Instituto Genealógico do RS – conta com uma biblioteca específica e/ou relacionada com assuntos genealógicos, além de ter um considerável banco de dados).
http://www.ingesc.org.br/ (Instituto Genealógico de SC).
http://www.kuijsten.de/navigator/brazil/ (busca automática em vários sites de sobrenomes)
http://www.memorialdoimigrante.sp.gov.br/servicos/pesquisa/pesquisa.asp (possibilita ao pesquisador a busca de sobrenomes dos imigrantes ingressos na Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo).
http://www.museuhistoricosl.com.br/index.cfm (Museu Histórico de São Leopoldo)
http://www.rootsweb.com/ (busca em geral de sobrenomes).
http://www.mj.gov.br/CartorioInterConsulta/index.html (possibilita a pesquisa dos endereços e cartórios de todo o Brasil).

LISTAS DE DISCUSSÃO

http://br.groups.yahoo.com/group/RS-Gen (RS-Gen – lista com a proposta de discutir genealogia e assuntos relacionados ao Rio Grande do Sul, com muita atividade).
http://br.groups.yahoo.com/group/sc_gen (SC_Gen – lista com a proposta de discutir genealogia e assuntos relacionados a Santa Catarina, com muita atividade).
http://br.groups.yahoo.com/group/poloneses (grupo de discussão relacionado à genealogia/história e costumes dos poloneses).
http://br.groups.yahoo.com/group/SobrenomesItalianos (grupo relacionado à genealogia/cidadania/história dos italianos).
http://br.groups.yahoo.com/group/Franceses_no_RS (grupo voltado ao estudo dos imigrantes franceses)
http://br.groups.yahoo.com/group/imigracaoalema (imigração alemã)

CEMITÉRIOS E SITES PESSOAIS


http://cemiterios.genealogias.org (com apresentação dos sepultados nos cemitérios São José e São Miguel e Almas de Porto Alegre)

FRANÇA

http://bdebreil.free.fr/ (fórum de discussão, dentre outros).
http://www.apellidosfranceses.com.ar/ (além de contato com outros pesquisadores, este site proporciona a pesquisa de documentos originais de algumas cidades da França, dentre outros).


REGIONAIS

http://www.geocities.com/nestorsamelo/gp/genpaulistana.htm (site que disponibiliza a Genealogia Paulistana, de Silva Leme, em sua integralidade).
http://br.geocities.com/projetocompartilhar2/ (listagem e teor de alguns inventários e testamentos existentes no Arquivo Público de SP).
http://us.geocities.com/lscamargo/index.html (Paraná, SC, e RS)
http://valdenei.silveira.googlepages.com/genealogiatropeira (além de outras indicadas outras páginas de genealogia, pode-se baixar A Genealogia Tropeira, que estuda notadamente famílias da região das Missões – RS).


POLÔNIA


http://www.braspol.com.br/ (Comunidade voltada à representação polonesa no Brasil).
http://www.cekaw.org/ (Centro de Estudos Karol Wojtyla – relacionado à cultura, história e genealogia dos poloneses).
http://www.eko-moc.webpark.pl/angielsko_polski_iwa/a_b_c/ (dicionário polonês x inglês)
http://gen.genealogiapolska.pl/ (busca de sobrenomes poloneses)
http://www.polonesesnobrasil.com.br/ (site muito diversificado, com fins à genealogia e cultura em geral dos poloneses).
http://www.rootsweb.ancestry.com/~ukrgs/volhynia/ (há os registros de batizados, casamentos e óbitos da região da Volínia, antes Rússia, hoje Ucrânia, com muitos nomes alemães e poloneses).
http://www.ditel.pl/ (lista telefônica da Polônia)

ALEMANHA


http://www.rootsweb.com/~brawgw/alemanha/Links_alemanha_brasil.htm (além de diversos endereços de outros sites relacionados com a imigração alemã, há arquivos e outras informações)
http://www.coloniasantoangelo.com.br/ (referidos os primeiros colonos da Colônia de Santo Ângelo, em sua grande maioria prussianos e pomeranos).
http://www.angelfire.com/nf/tu/primeirasfamilias.html (primeiras famílias evangélicas estabelecidas em Estância Velha).
http://www.ortsfamilienbuecher.de/ (Livros de Famílias on line)
http://www.saxonyroots.com/saro.php?lan=en&cat=5&body=ships/ships.php (lista de passageiros alemães)
http://www.wappenbuch.de/ (páginas de brasões alemães)


ITÁLIA


http://www.apellidositalianos.com.ar/ (site com lista de discussão, índice de sobrenomes, dicas de pesquisa, dentre outros).
http://www.comuni.it/ (possibilita contato direto com as prefeituras – registro civil - de algumas cidades da Itália).

http://www.massolindefiori.com.br/


PORTUGAL

http://www.arquivodosacores.com/
http://www.arquivo-madeira.org/index.php (há os índices dos registros eclesiásticos de todas as freguesias da ilha da Madeira)
http://www.neps.ics.uminho.pt/ (site com genealogias de algumas freguesias das ilhas dos Açores e do Continente)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Família Leão e a Revolução Farroupilha

A Família Leão e a Revolução Farroupilhaautoria de Diego de Leão Pufal


O dia 18 de setembro de 2008 marca os 169 anos do falecimento dos irmãos Francisco José de Leão (Chico Leão) e José Manuel de Leão (Juca Leão), assassinados pelo Barão do Jacuí, Francisco Pedro de Abreu, na madrugada do dia 18-09-1839, em plena Revolução Farroupilha.

Chico e Juca Leão nasceram, respectivamente, em 01-02-1787 e 03-07-1788 em Laguna em Santa Catarina e eram filhos do tenente-coronel Manuel José de Leão e de Antônia Maria de Jesus. Pelo ano de 1801 mudaram-se com os pais e irmãos para o Rio Grande do Sul, estabelecendo-se na região de São Jerônimo, onde o patriarca, Manuel José, era proprietário de uma charqueada no Arroio dos Ratos e uma ilha defronte a ela, denominada ilha da Paciência. Os filhos seguiram a profissão do pai, além de criadores, foram prósperos comerciantes e charqueadores da região, tanto que, segundo alguns, o nome do atual município de Charqueadas originou-se da charqueada ali mantida por José Manuel de Leão, cuja sesmaria teria sido concedida no ano de 1816.

Com o início da Revolução Farroupilha, Juca Leão foi designado Coronel da Legião de Triunfo (em 1831), conforme referiu Aurélio Porto (in Processo dos Farrapos. Arquivo Nacional, vol. I, pág. 402), cuja atuação foi descrita pelo Dr. Sebastião Leão (Coruja Filho) (neto de Juca Leão) (in Datas Rio-Grandenses, publicada pela Secretaria de Educação e Cultura, Porto Alegre: Livraria do Globo, 1962, p. 293):
Em um diário de 1839, publicado no Anuário do Dr. Graciano de 1885, lê-se: `A expedição de cavalaria atacou a charqueada de Juca Leão e, depois de matar a este e seu irmão Chico e outros, surpreendeu uma guarda daquele, dos quais matou cinco e aprisionou oito, e apreendeu 100 cavalos e algum gado`.Em uma nota, diz o cronista do Diário:`Juca Leão era pai do conhecido negociante de Porto Alegre José Manoel de Leão`.`Comandavam a expedição legalista o Barão do Jacuí.O velho Coronel José Manoel de Leão, amigo dedicado de Bento Gonçalves e David Canabarro, como tantos outros chefes republicanos, sacrificou toda a sua fortuna e a sua vida pela causa nobre da liberdade.Declarada a revolução, Juca Leão, então abastado charqueador em São Jerônimo, deu liberdade a mais de 100 escravos e com eles organizou uma força vestida e armada à sua custa, que prestou valiosos serviços na defesa da instituição republicana`.O Coronel Juca Leão era avô do médico Sebastião Leão.O escritor destas linhas foi criado ouvindo narrar os feitos de Juca Leão, que, sacrificando-se pela defesa de seu ideal político, apenas legou aos seus descendentes um nome honrado.O seu único filho varão, o finado negociante tenente-coronel José Manoel de Leão, possuía alguns documentos importantes sobre a Revolução, encontrados nos papéis de seu progenitor.Em uma época em que se manifestou no Rio Grande do Sul uma epidemia de escritores sobre a Revolução de 35, esses documentos foram emprestados e até hoje ignora-se o seu destino.Razões de ordem particular impossibilitam-me de narrar com detalhes o episódio da morte do Coronel Juca Leão e de seu valente irmão Chico.Outros cronistas poderão aproveitar o fato, que constitui uma das mais extraordinárias páginas dessa epopéia glorioso que se chama a Revolução do Rio Grande.”
Segundo contam os descendentes de Juca Leão, o Barão do Jacuí teria assassinado a sangue frio os irmãos Leão em uma emboscada na madrugada do dia 18-09-1839. Após praticar o ato, fez questão de levar à viúva e à filha pequena de José Manuel o seu poncho todo ensangüentado, inquirindo-as se sabiam a quem pertencia, tendo depois exposto o seu cadáver. Deste ataque ainda decorreram outras mortes, além de “confiscados” animais e pertences outros da charqueada de Juca.

A participação na Revolução Farroupilha da família Leão, embora não revelada nos livros que tratam da matéria, foi um tanto quanto significativa, não só em razão do acima narrado, mas também em virtude das cartas existentes no Arquivo Histórico do Estado do Rio Grande do Sul (em grande parte publicadas nos seus Anais), das quais se extrai o contato direto de José Manuel de Leão com os principais líderes revolucionários, David Canabarro, Bento Gonçalves da Silva, Domingos José de Almeida, Antônio Vicente da Fontoura e outros, bem assim o impacto e a revolta de sua morte dentre os seus pares.

José Manuel de Leão foi casado com Ana Ferreira da Silva, nascida em 23-11-1794 em Porto Alegre e falecida a 19-01-1866 em São Jerônimo, filha de João Ferreira da Silva e Maria Isabel de Azevedo, com quem teve uma única filha chamada Maria Antônia Socorro de Leão, nascida em 13-07-1814 em Porto Alegre e casada em 1846 com Antônio Joaquim Dorneles e Souza, dos quais descendem as famílias Dornelles, Dornelles de Abreu, Prates Dornelles e Dornelles Rebello da região de São Jerônimo, Triunfo, Arroio dos Ratos e região. Juca Leão teve ainda com Mafalda Rita de Jesus mais dois filhos naturais: Maria José de Leão (c/c Francisco Caetano Soares) e José Manuel de Leão, nascido em 12-05-1832 em Triunfo e casado com Maria Emília Carvalho e Souza (nascida a 17-09-1842, Porto Alegre, filha natural de Manuel Joaquim de Carvalho e Souza e Joaquina Flora da Costa), com quem teve dez filhos, com descendência em Porto Alegre; são eles: o Dr. Sebastião Afonso de Leão, acima citado e reconhecido médico, Maria de Leão, Antônio Afonso de Leão, Pedro Afonso de Leão, Tancredo Afonso de Leão, Lucilia de Leão, Ramiro Afonso de Leão, Fernando Afonso de Leão, Branca e Antonieta de Leão.

Francisco José de Leão também foi casado, tendo gerado dezesseis filhos. Foram irmãos também de Juca e Chico Leão: Manuel José de Leão, casado com Clara Fausta de Carvalho e pai de quatorze filhos, e Salvador José de Leão, casado com Antônia Luiza de Lima e pai de seis filhos, dentre eles: João Antônio de Leão (meu tetravô).

Hoje os descendentes dos quatro irmãos Leão encontram-se espalhados por todo o Rio Grande do Sul, notadamente em Porto Alegre, São Jerônimo, Triunfo, Arroio dos Ratos, bem assim em Cachoeira do Sul, Pelotas e São Gabriel.

domingo, 14 de setembro de 2008

Meu penta-avô matou um cara

Meu penta-avô matou um cara
autoria de Diego de Leão Pufal

A pesquisa genealógica nem sempre nos reserva apenas fatos gloriosos e boas histórias dos antepassados. Aquele que se propõe a estudar as suas origens deve estar preparado para todos os tipos de surpresas, desentendimento entre irmãos por razão de herança, traições de todo o gênero, rumorosos casos de amor, enfim histórias e estórias sem fim. Foi assim que na semana passada descobri que um dos meus penta-avôs, por dois costados, assassinou um desafeto.
João Alves de Oliveira, meu quinto avô, foi batizado em 30 de abril de 1820 em Santa Maria, sendo filho de Mariano Alves de Oliveira e de Maria Joaquina do Nascimento e neto de paulistanos, estabelecidos no Rio Grande do Sul ainda no século XVIII. Ali, João casou-se com Ignácia Barbosa, natural de Triunfo e neta de Ignácia Barbosa de Menezes que, por sua vez, era neta de Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcelos.
Do casamento de João e Ignácia nasceram cinco filhos entre os anos de 1838 e 1849, todos batizados em Santa Maria: Graciano, Benedicto, Olivério, Fidirico e Francisca Alves de Oliveira. O casal e filhos residiam no primeiro distrito deste município, na localidade denominada Passo do Raimundo, na Boca do Monte.
Foi nesse cenário que no domingo de páscoa do ano de 1859, João Alves de Oliveira, saindo de trás de uma coxilha, no Passo do Raimundo, montado em um cavalo e portando uma pistola, desferiu um tiro contra Justo Gonçalves Pereira. Ferido, Justo caiu ao chão, oportunidade em que João sacou uma faca, dando-lhe duas estocadas, levando-o a óbito. Segundo a companheira da vítima, João teria feito uma emboscada e atirado pelas costas de Justo, narrando com trauma o episódio, enquanto as outras testemunhas declararam que o crime foi motivado por vingança, já que Justo teria literalmente espancado - quase até a morte - um filho de João, que não poderia ter mais de vinte anos.
Inquiridas as testemunhas, João foi pronunciado, quando determinada sua prisão. Expedido mandado de prisão, o oficial de justiça foi à residência do réu, em Bom Retiro, 6º quarteirão do 1º distrito de Santa Maria, mas não o encontrou, o que o fez retornar dias após com nove praças, quando também não obteve sucesso. Somente depois de dez anos do acontecido, em 17-11-1869, João Alves de Oliveira foi "encontrado" e preso, quando, pelo seu advogado, alegou que durante esses dez anos sempre residiu em Santa Maria e que, portanto, a prescrição se consumou.
Ouvidas mais quatro testemunhas, dentre elas: Salvador de Souza Leal, Jacob Krebs e Joaquim da Costa Pavão, declararam que João efetivamente residia no Passo do Raimundo há cerca de doze anos, sendo que antes disso residia na Boca do Monte. Já Joaquim da Costa Pavão, então com 66 anos e fazendeiro, declarou que João morava próximo ao Passo do Raimundo, no local denominado Rincão do Sarandi e que durante esse tempo todo poucas foram suas ausências, salvo uma visita à casa do filho Graciano no Cacequi, em São Gabriel, para conhecer sua nora, além de três viagens a Porto Alegre. Depois do depoimento das testemunhas, o Promotor Público concordou com a alegação da prescrição, tendo o Juiz acolhido-a e julgado extinto o processo (processo n. 926, maço 25, Primeira Vara do Cível e Crime de Santa Maria - Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul - APRS).
Da leitura dos autos e considerando a população de Santa Maria em 1859, vê-se obviamente que a não localização de João foi de propósito, talvez justificada pela motivação do crime.
Depois disso, João continuou residindo no Passo do Raimundo, até falecer em 17 de março de 1876, deixando a viúva e três filhos: Graciano, Benedicto e Francisca.
Seu inventário foi autuado em 06 de junho de 1877 em Santa Maria, sob o n. 27 (maço 01, estante 149, cartório cível - APERS), tendo sido inventariante a viúva Ignácia Barbosa e quando arrolados os seguintes bens:
- uma escrava de nome Rita, crioula, com 46 anos, avaliada em 400$000 réis;
- um escravo de nome Miguel, pardo, com 17 anos, avaliado em 900$000 réis;
- 145 rezes mansas de criar, avaliadas no total de 1:740$000 réis;
- 75 rezes xucras de criar, no total de 770$000;
- dois cavalos, "hum lazão e outro Gatiado", os dois avaliados em 56$000 réis;
- cinco cavalos, avaliados em 100$000 réis;
- dois cavalos "mais inferiores", avaliados ambos em 32$000;
- dois potros xucros superiores, ambos avaliados em 32$000;
- 25 éguas xucras, avaliadas em 100$000 réis;
- uma morada de casa com cercados, mangueira, arvoredo e mais galpões, alguns cobertos de capim e todos em mau estado, avaliada em 600$000 réis;
- uma parte de campo e matos que regula ter 500 braças de frente e 1.500 braças de fundo, no primeiro distrito, no lugar denominado Passo do Raimundo, avaliado em 3:000$000 réis.
- uma chácara com um rancho e um pequeno arvoredo tudo em mau estado na Boca do Monte, avaliada em 200$000 réis.
- uma data de matos e capoeiras com laranjeiras, sita na Boca do Monte, avaliada em 1:000$000 réis.
***
Dos filhos de João e Ignácia, apenas três chegaram à idade adulta, que seguem:
F1- Graciano Alves de Oliveira, nascido cerca de 1837 em Santa Maria e falecido em 18-11-1913 em São Bento em Carazinho. Casou-se com sua prima terceira Amélia Lauriano da Silva, nascida em São Gabriel e filha de José Lauriano da Silva e Maria Francisca Alves. Deste casamento houve quatro filhos, nascidos em Santa Maria: Maria Inácia, João, Amália e Claudino Alves de Oliveira.
F2- Benedicto Alves de Oliveira, nascido a 13-01-1838, Santa Maria e falecido a 02-03-1917 na Boca do Monte em Santa Maria, onde também casou-se com Maria Francisca dos Reis, ali nascida em 1839 e filha de Bernardo José dos Reis e Maurícia Clara de Oliveira (segundo o neto Mário da Silva Brasil, Maria Francisca dos Reis seria sobrinha do "Bravo Almirante Barroso", cujo parentesco, todavia, não se conseguiu descobrir). Benedicto foi criador e comerciante no Passo do Raimundo, tendo gerado dez filhos: João Mariano, José Benedicto, Antônio, Maria José, Pedro, Domingos, Valentim, João Inácio, Frederico e Pandonor Alves de Oliveira. A filha Maria José Alves de Oliveira casou-se em Santa Maria em 1888 com José da Silva Brasil e foram pais de Mário da Silva Brasil, meu bisavô (já tratado neste blog).
F3- Francisca Alves de Oliveira, nascida em 1849 em Santa Maria e falecida a 08-10-1936 na Porteirinha, em Dilermando de Aguiar. Ali casou-se a 25-01-1864 com seu primo terceiro, João Lauriano da Silva (irmão de Amélia Lauriano da Silva c/c Graciano Alves de Oliveira, acima citados), nascido em 1840 em São Gabriel, onde também faleceu a 11-10-1871, sendo filho de José Lauriano da Silva e Maria Francisca Alves. Após o falecimento de João, Francisca casou-se com o italiano Próspero Antônio Caetano, deixando no total 14 filhos. Do primeiro casamento de Francisca houve: Maria Laureano da Silva (c/c Pedro Dias de Menezes) e João Laureano da Silva (c/c Placidina Martins Alves e pais de Celina Laureano da Silva, minha bisavó, que se casou com o primo terceiro Mário da Silva Brasil, acima citado). Do segundo casamento houve: Silvino, Plácido, Severo, Secundino, Maria Isabela, João, Jorge, Francisco, Idalina, Maria da Glória, Maria Constância e Galdino Caetano, todos com geração em Dilermando de Aguiar, Santa Maria, São Gabriel e Porto Alegre.
Em 08 de março de 1887 foi autuado o inventário da viúva Ignácia Barbosa (n. 56, maço 02, cartório cível e crime - APRS), constando os seguintes bens:
- uma casa de moradia com galpões, mangueiras, cozinha, cercados de valor e madeiras e arvoredos, avaliada em 800$000 réis.
- um pedaço de campo anexo ao estabelecimento descrito, avaliado em 1.500$000 réis;
- 86 rezes mansas, avaliadas em 946$000 réis;
- 12 éguas - por 36$000 réis;
- 2 potros - 30$000 réis;
- 2 cavalos mansos - 40$000 réis;
- dinheiro existente em caixa: 450$500 réis;
Atualmente, muitos descendentes de João Alves de Oliveira e Ignácia Barbosa ainda carregam o sobrenome "Alves de Oliveira", sendo que outros apenas o "Alves", sem prejuízo daqueles que não mais levam nenhum nem outro, apesar de serem seus descendentes. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O processo de habilitação de casamento como fonte de pesquisas genealógicas

O processo de habilitação de casamento
como fonte de pesquisas genealógicas
(imigração polonesa no Estado do Rio Grande do Sul)

Nas três últimas revistas eletrônicas do Centro de Estudos Karol Wojtyla - CEKAW - tive a oportunidade de escrever sobre a importância da habilitação de casamento como fonte de pesquisas genealógicas. Na edição de fevereiro de 2008 (n. 02) - http://www.cekaw.org/revista/revista_02.php - abordei o conceito e os objetivos deste processo, trazendo uma lista dos feitos realizados em Mariana Pimentel dizente aos imigrantes poloneses, o que se seguiu nas publicações posteriores, porém, referente à colônia de Alfredo Chaves, hoje Veranópolis. Assim, nas últimas edições, de maio e agosto de 2008, após analisar todos os feitos existentes no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, fiz um pequeno resumo deles, incluindo os imigrantes alemães, russos, austríacos e poloneses que lá casaram, com as informações mais importantes neles contidos.
Nas próximas revistas pretendo dar continuidade a este trabalho, trazendo as últimas habilitações de Veranópolis, do seu distrito de Capoeiras e São João Batista do Herval, atual município de Nova Prata, Mariana Pimentel, Dores de Camaquã, Antônio Prado e São Francisco de Paula.
As revistas podem ser consultas no site: http://www.cekaw.org/revista.php, assim como vários outros assuntos ligados à cultura polonesa (biografias, literatura, estudos e pesquisas, cultura e curiosidades).
***
Índice das últimas revistas do CEKAW:
- Revista I:
Capa
Editorial: Uma homenagem ao papa polonês
Biografia: Feliks Bernard Zdanowski
Genealogia: Alguns aspectos genealógicos da imigração polonesa em Porto Alegre: primeiras famílias
Estudos e pesquisas: Retificação jurídica de sobrenomes
Poloneses em Porto Alegre
Polônia: o nascimento de uma grande nação
Heráldica: O que é heráldica?
Localidades: Lá ainda se fala em polonês
Notícias
Literatura
Curiosidades: Como eram os antigos banquetes poloneses?
***
- Revista II:
Capa
Editorial: Preservação da memória de nossos antepassados
Biografia: Zenon Vicente Galecki
Genealogia: Fontes para a genealogia: o processo de habilitação de casamento
Estudos e pesquisas: Da "Rús Kieviana" até a "Rússia"
Literatura
Cultura: Grupos Infantil e Juvenil da Sociedade Polônia de Porto Alegre: um pouco de retrospectiva 200 7...
Notícias
Curiosidade: Quem descobriu a América?
***
- Revista III:
Capa
Editorial: Uma história que não pode cair no esquecimento
Biografia: Mário Karpinski
Genealogia: Fontes para a genealogia: O processo de habilitação de casamento (II) - Veranópolis
Heráldica: O Brasão do Clã Ciolek
Estudos e pesquisas: O Biuro Szyfrów e a Máquina Enigma
A presença polonesa na colônia de São Marcos
Cultura: Cozinha polonesa
O Dragão de Cracóvia
Banda Coração nativo Polscy Muzykanci
Curiosidades: Cristóvão: o primeiro polonês no Brasil?
***
-Revista IV:
Capa
Editorial: A Polônia de nossos antepassados e dos nossos filhos
Biografia: Michal Chmielewski
Genealogia: Fontes para a genealogia: O processo de habilitação de casamento (III) - Veranópolis
Estudos e pesquisas: O Biuro Szyfrów e a Máquina Enigma (2)
Jan Lukasiewicz e sua lógica de múltiplos valores
Cultura: Wódka
À Deriva
Curiosidade: Os nomes próprios poloneses e a pesquisa da história familiar

Poesias de Mário Brasil


Teu Amor


Nas fimbrias do horizonte rubro, ensangüentado,
Do sol fenece a luz;
Crepuscular clarão mui vago há perpassado...
E a treva se produz.

Reina por toda parte um silêncio profundo
E escuridão sem fim,
Mas um vago lampejo aclára após o mundo
E a treva morre enfim.

E a lua que surgindo bella e illuminada
Se mostra tão faceira
Por sequitos de estrellas lindas cortejada
Na celestial esteira.

E’ella que derrama agora do infinito
Sua luz argentea e pura,
Sua luz, olhar de Deus, sua luz, osc’lo bendito
Tão cheia de candura.

Mas essa luz serena, limpida e prateada
Em breve morrerá
Com o fulvido raiar da fresca madrugada
Que a sobrepujará.

Assim como essa luz também, anjo querido,
Foi teu ardente amor,
Mas como ella perdeu assim elle há perdido
Seu mágico fulgor.

Findou portanto, agora, o fogo da amizade
Que me tiveste, oh flôr,
E a chamma se apagou da minha felicidade
Morrendo o teu amor.

Brotou, mulher querida, a triste desventura
No pobre peito meu,
Porque me arrebataste a unica ventura
Nascida do amor teu.

Oh não me firas mais da ingratidão có a lança
Mulher que sei amar,
Mas dá-me, por perdão, te rogo, uma esperança
Na luz do teu olhar!

Oh, dá-me, não me negues, virgem seductora
O que te peço então,
Porque minh’alma é tua, oh flor encantadora,
E é teu meu coração!

Santa Maria, 27-10-1909.

Colégio Voluntários da Pátria (atual Camila Furtado Alves)

O Colégio Voluntários da Pátria
(atual Escola Estadual Camila Furtado Alves - Porto Alegre/RS)
***
O Colégio Voluntários da Pátria foi fundado no ano de 1915 e localizava-se no Quarto Distrito de Porto Alegre, na esquina da Avenida Voluntários da Pátria com a Rua Almirante Barroso. É de se supor que a Instituição tenha começado com uma pequena turma mista de alunos de várias idades, atendendo a comunidade local e, por conseqüência, alguns filhos de imigrantes poloneses, alemães e italianos, visto que ali residiam. Tal fato vem confirmado pela fotografia que se segue, datada de 1918 ou 1919, na qual retratados 16 alunos, seis homens e dez mulheres, além da professora.


Apenas se conseguiu identificar duas alunas: Josephina Scorcioni (na fila do meio, sendo a quarta da esquerda para a direita) e sua irmã Luiza Pierina Scorcioni (na primeira fila, sendo a sétima da esquerda para a direita), já citadas neste blog em julho de 2008 ("A Família Canova").
A fotografia seguinte foi publicada no livro Rio Grande do Sul, imagem da terra gaúcha, organizado pelo Major Morency do Couto e Silva, Dr. Arthur Porto Pires e Léo Jerônimo Schidrowitz (Porto Alegre: Cosmos Limitada, 1942) e traz o corpo docente do então "Grupo Escolar" Voluntários da Pátria no ano de 1942.





Após, o Colégio, depois Grupo Escolar Voluntários da Pátria, passou a se chamar Escola Estadual Camila Furtado Alves, em homenagem à teatróloga, conferencista, professora e membro da Academia de Literatura Feminina do RS de mesmo nome, funcionando ainda no local originário, porém com a entrada na Rua Almirante Barroso, n. 79, em Porto Alegre/RS.
***
Obs: qualquer informação adicional será muito bem-vinda.


























segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Poesias de Mário Brasil

O Bem e o Mal

Em dois pólos oppostos collocados
Eil-os que surgem. Olham-se calados
Marcham para o combate.
Inimigos terríveis, destemidos,
Nada os impede. Julgam-se offendidos,
É a hora do debate.

Rivaes inconciliáveis, dois gigantes
Intrepidos, ousados e possantes,
De audacia sem igual;
Os seus passos fataes ninguém atalha.
Medem suas forças, fitam-se e à batalha
Decidem-se afinal.

Trava-se então a luta sanguinária,
Indecisa a princípio, é depois vária,
Mas tétrica também,
Porque estes dois leões e contendores
São terríveis rivaes, ameaçadores,
E iguaes no seu desdem.

Horrendo, mais horrendo inda é o combate,
Mas um golpe certeiro ao Mal abate
E rola estatelado!
Triunpho, o prelio é findo! A eterna glória
E a palma soberana da victória
O Bem há conquistado!

Eis agora por terra, ali vencido,
O mal, serpe, hydra, monstro enfurecido
Consigo e sua sorte,
Bradando contra o inimigo, mas em vão,
Porque golpeado foi no coração
E em breve terá a morte.

No momento supremo, o moribundo
Inda envia colírico, iracundo,
Ameaças sem fim
Ao vencedor. Mas tudo é irremediavel,
Pois, fatigado, cála o miseravel
Para morrer enfim!

Santa Maria, 16-10-1909.



***



Na Jaula

Abre-se a jaula. O domador penetra
Fechando a porta calmamente, após,
Embora visse à sua frente um monstro
De hiulcas faces: um leão feróz.

Louco, insensato, dir-lhe-iam todos,
Quando na jaula o desgraçado entrou;
Mas elle achára um coração de pedra
No peito ingrato da mulher que amou!

Eis o motivo que o arrojára a tanto
Sem mesmo apego dar à vida sua;
Luctára embalde e tudo embalde fôra,
Porque sua sorte lhe era triste e crua!

Que lhe importava pois a morte ingrata
Si o que tentára tinha sido em vão?
Morrer, morrer, só lhe restava agora,
Na bocca hiante do feroz leão.

Eil-o pois diante desse monstro horrivel
Ao qual domina com seu nobre olhar,
Fal-o de escravo, mas liberta-o após,
Para a existencia tão cruel findar.

Um salto apenas e o ínfeliz tombava
Dilacerado, sem dizer siquer:
Pude domar um coração de féra
Mas abrandar não pude um de mulher!

Santa Maria, 25-10-1909.