Um Enforcado
(Soneto sem verbos)
(Soneto sem verbos)
Noite serena, tentadora e bella,
Mudo silencio na deserta rua,
Raios de prata da fagueira lua
Sobre um espectro livido à janella.
Mudo silencio na deserta rua,
Raios de prata da fagueira lua
Sobre um espectro livido à janella.
Sombras, entanto, no interior na cellam
Livros esparsos sobre a mesa sima,
Um pobre catre, realidade crua,
E ainda um coto misero de vela.
E nada mais naquelle quarto umbroso ...
Um momento depois ... quadro horroroso,
Scena terrivel, tragica guarida!
Pois o corpo daquelle desgraçado
Rigido, inerte, hirto, enregelado,
Do tecto eil-o suspenso e já sem vida ...!
Porto Alegre, 3-4-1910.