Porque Padeço
Si no mundo gozei doces venturas,
Porque soffro, meu Deus, nesse momento?
Não terei refrigerio em meu tormento,
Nem consolo nas minhas amarguras?
Aonde foram prazeres e doçuras.
Que na vida gozei, da mágoa isento?
Qual a causa de tanto soffrimento
E o motivo de minhas desventuras?
Soffrimentos, prazeres, dores, tudo,
Atormenta-me a vida e eu, sempre mudo,
Sem nada do que soffro confessar ...
Mas vejo que esta magua não minória,
E por isto, sim direi, me, sem demora;
E’ porque não me queres mais amar!
Santa Maria, 14-3-1909.
Si no mundo gozei doces venturas,
Porque soffro, meu Deus, nesse momento?
Não terei refrigerio em meu tormento,
Nem consolo nas minhas amarguras?
Aonde foram prazeres e doçuras.
Que na vida gozei, da mágoa isento?
Qual a causa de tanto soffrimento
E o motivo de minhas desventuras?
Soffrimentos, prazeres, dores, tudo,
Atormenta-me a vida e eu, sempre mudo,
Sem nada do que soffro confessar ...
Mas vejo que esta magua não minória,
E por isto, sim direi, me, sem demora;
E’ porque não me queres mais amar!
Santa Maria, 14-3-1909.
***
Em Nossa Ausência
(À Senhorita M.Z.B.)
Teus olhares são tão fascinadores
E tua bocca é tão meiga e formosa,
Que en tua face tens a côr da rosa
E no teu coração os meus amores.
E no meu triste peito eu tenho dores,
Por não te poder vêr oh flôr mimosa!
E na hora em que te vi, oh vez ditosa!
Que em nossos corações nasceram flôres.
E agora que ellas crescem e vicejam,
Nunca mais eu as deixarei morrer
E ainda que meus olhos não te vejam,
Meu coração está sempre a te ver,
Pois nosso amor tem chammas que fiammejam
Que em meu peito não há de perecer.
Santa Maria, -1907- Publicado no jornal O DIA.