segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Alemães no RS: Os Fischer (3ª parte)

Alemães no RS: os Fischer (3ª parte)
João Guilherme Fischer um arqueólogo e diplomata

autoria de Diego de Leão Pufal

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João Guilherme Fischer, conhecido como Jango Fischer, nasceu no dia 09 de setembro de 1876 na cidade de Santa Maria no Estado do Rio Grande do Sul e faleceu aos 02 de fevereiro de 1952 no Rio de Janeiro. Era filho de Guilherme Fischer e Christina Holzbach, tratados nas postagens anteriores (Os Fischer I e II).

Pelos anos de 1902 e 1903 "Jango Fischer recolhe num dos jazigos da Alemoa, atualmente quilômetro 3, restos do primeiro réptil terrestre fóssil da América do Sul, o Scaphonyx Fischeri, determinado por Artur Woodwward, do Museu Britânico. O material foi enviado a von Ihering, diretor do Museu Paulista, que o remeteu a Woodward. Jango Fischer era filho do boticário Guilherme Fischer. Nasceu em S. Maria a 09.09.1876. Técnico-rural pela Escola de Agricultura e Vitivinicultura de Taquari em 1894 e engenheiro-agrônomo pela mesma em 1898. Essa escola foi fundada pelo médico baiano Aurélio Benigno de Castilho e instalada em 29.10.1891. Teve pouca duração. Depois formou-se em farmácia e medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Não seguiu nenhuma dessas carreiras, ingressando na diplomacia. Foi vice-cônsul em Cobija, Chile, em 1909; serviu no gabinete do Barão do Rio Branco até 1911; em Paris de 1911 a 1934 e no Itamarati de 1934 a 1944. Morreu no Rio de Janeiro, no Hospital dos Servidores do Estado, em 02.02.1952. Foi mais um dos santa-marienses que, galgando posições, esqueceu a terra natal", conforme escreveu Romeu Beltrão (in Cronologia Histórica de Santa Maria e do extinto Município de São Martinho, Canoas: La Salle. 2. ed, 1979, p. 432).
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O Dr. João Fischer casou-se com D. Jeanne Marie Leónce Dufor, nascida em 1903 possivelmente na França e falecida no ano de 1993, com quem teve a única filha: D. Cristina Rose Marie Dufor Fischer, casada que foi com o Desembargador (do TJDF) Geraldo Irinêo Joffily (natural de João Pessoa e falecido em 1985 no Distrito Federal, filho do também Desembargador José Irinêo Joffily e de D. Sara Paes Barreto, cujas genealogias podem ser encontradas no sítio http://joffily.free.fr/~cariri/arvorefr.htm). Do casamento de D. Cristina e do Dr. Geraldo não houve descendência.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Alemães no RS: Os Fischer (2ª parte)

Alemães no RS: os Fischer (2ª parte)

autoria de Diego de Leão Pufal

Conforme referido na postagem anterior sobre os Fischer, um dos ramos da família, de "Wilhelm", estabeleceu-se em Santa Maria da Boca do Monte. Nesta cidade, Guilherme teria sido proprietário da primeira botica, denominada: Pharmacia e Drogaria Fischer, localizada na Rua do Acampamento. O historiador Romeu Beltrão em sua obra (Cronologia Histórica de Santa Maria e do Extinto Município de São Martinho - 1787-1930. Canoas: Lasalle, 1979, 2. ed., pp. 221/222) contou mais detalhes e "estórias" de nosso personagem:
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"Maio, 07 ou 27 - Guilherme Fischer obtém da Câmara de Vereadores licença para abrir farmácia na esquina sudoeste da Acampamento com a Pacífica, depois rua do Comércio e hoje Dr. Bozano. Passará à história santa-mariense com o nome de `Farmácia do Fischer` e funcionará no mesmo local até 1915.
Fischer apresentou à Camara uma licença da Diretoria da Saúde Pública de Porto Alegre para poder negociar com produtos farmacêuticos. Estava estabelecido no local com selaria e correaria e resolveu também vender remédios. Sua farmácia e drogaria tinha de tudo, até remédios ... Certo dia, alguém foi à sua farmácia em procura de anzóis de vidro, para dar um trote no Fischer. Este não se perturbou. Foi a uma prateleira e voltou com uma caixa de anzóis de vidro de vários tamanhos ...
Era muito espirituoso e tinha resposta pronta para tudo. Tinha fama de careiro e, quando alguém reclamava, costumava dizer: - O que é bom é caro. Remédio legítimo custa mais caro do que o falsificado. Se prefere o mais barato vá comprar no Felipe.
Felipe Borgna era seu concorrente e os dois boticários da vila andavam sempre de ponta.
Também aviava receitas, mas a seu modo, impingindo qualquer sucedâneo, quando não possuia o ingrediente pedido só para não deixar de vender.
Não acreditava em homeopatia e atendia a qualquer pedido de remédios homeopáticos, enchendo os vidrinhos na mesma torneira do depósito d'água, porque, para ele, `homeopatia era simpatia`.
Vendia até água benta e água milagrosa da Fonte de Santo Antão, também tirados do mesmo depósito.
Tirava dentes, vendia cangalhas, livros e revistas, tendo sido, segundo creio, o primeiro livreiro que teve Santa Maria. Também vendia ovos frescos e manteiga ...
Deixou o `velho Fischer`vasto anedotário, como se poderá ler em DAUDT FILHO, Memórias, 3 edição, pág. 261 e seguintes.
Costumava fazer viagens freqüentes a Porto Alegre, conduzindo carretas e cargueiros constituídos por mulas e cavalos. Levava produtos locais, aceitava encomendas de comerciantes e de lá trazia mercadoria para si e outros negociantes. Foi um precursor do transporte de cargas entre a vila e a capital.
Era protestante, chegando a ocupar a presidência da comunidade luterana local, mas não deixava de emprestar colaboração às obras católicas, tendo sido até presidente da comissão construtora da Capela ou Império do Divino, segunda matriz que teve S. Maria, localizada à esquina sudoeste da avenida Rio Branco e rua dos Andradas de hoje. Isso aconteceu no ano em que foi festeiro ou ìmperador da Festa do Divino. Foi assim, também, um precursor do ecumenismo.
Morreu quando em viagem de recreio à Alemanha. Então sua farmácia e `empório` passou à propriedade de sua filha Concórdia, casada com o jornalista Garibaldi Felizola, pouco durando após a morte do inefável boticário, sobre cuja vida se poderia escrever um vidro."
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Como se vê de uma nota fiscal passada pelo estabelecimento comercial de Guilherme a Frederico Schmidt, em 1881, Fischer efetivamente aviava receitas, além de vender vinho do porto - ou para tratamento médico ou como produto de seu "empório" -, dentre outras mercadorias. Como curiosidade, sua farmácia estava: "Aberta de dia e de noite a qualquer hora", onde "Aprompta-se receitas com aceio, exactidão e por modico preço".


terça-feira, 14 de outubro de 2008

Poesias de Mário Brasil

Porque Padeço

Si no mundo gozei doces venturas,
Porque soffro, meu Deus, nesse momento?
Não terei refrigerio em meu tormento,
Nem consolo nas minhas amarguras?

Aonde foram prazeres e doçuras.
Que na vida gozei, da mágoa isento?
Qual a causa de tanto soffrimento
E o motivo de minhas desventuras?

Soffrimentos, prazeres, dores, tudo,
Atormenta-me a vida e eu, sempre mudo,
Sem nada do que soffro confessar ...

Mas vejo que esta magua não minória,
E por isto, sim direi, me, sem demora;
E’ porque não me queres mais amar!

Santa Maria, 14-3-1909.
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Em Nossa Ausência
(À Senhorita M.Z.B.)

Teus olhares são tão fascinadores
E tua bocca é tão meiga e formosa,
Que en tua face tens a côr da rosa
E no teu coração os meus amores.

E no meu triste peito eu tenho dores,
Por não te poder vêr oh flôr mimosa!
E na hora em que te vi, oh vez ditosa!
Que em nossos corações nasceram flôres.

E agora que ellas crescem e vicejam,
Nunca mais eu as deixarei morrer
E ainda que meus olhos não te vejam,

Meu coração está sempre a te ver,
Pois nosso amor tem chammas que fiammejam
Que em meu peito não há de perecer.

Santa Maria, -1907- Publicado no jornal O DIA.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Alemães no RS: Os Fischer (1ª parte)

Alemães no RS: os Fischer (1ª parte)

autoria de Diego de Leão Pufal

Vários foram os ramos da família Fischer emigrados para o Rio Grande do Sul, mas aqui apenas cuidarei daqueles vindos de Birkenfeld e Kusel Pfalz no Reno Palatinado, Alemanha, a iniciar por Guilherme Fischer.
Wilhelm Fischer (no Brasil: Guilherme Fischer) nasceu a 16 de julho de 1835 na cidade de Wolfersweiler, Birkenfeld, Alemanha e faleceu a 24 de maio de 1918 em Petrópolis no Rio de Janeiro. Era filho de Johann Isaac Fischer, nascido em Kusel-Pfalz, Alemanha e de Sophia Frederica Mayer, nascida em Nohfelden, que ao que parece não emigraram para o Brasil, mas apenas Guilherme após o ano de 1853. Aqui se estabeleceu primeiramente em Porto Alegre, tendo depois se radicado na cidade de Santa Maria (da Boca do Monte), onde no ano de 1865 já estava com uma botica, denominada Pharmácia e Drogaria Fischer. Desta mencionada cidade foi o seu primeiro farmacêutico, tendo também sido presidente da Primeira Diretoria da Comunidade Evangélica de Santa Maria em 13 de abril de 1866, fundador da Sociedade Deutscher Hilsfvereim (SA de Socorro ou Assistência) no mesmo ano de 1866, além de agente consular da Alemanha.

Guilherme Fischer por volta do ano de 1910/1915,
foto passada por sua descendente Perla Delambert Filizzola.
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Guilherme casou-se duas vezes, a primeira em 22 de novembro de 1868 em Santa Maria com Augusta Guilhermina Nessnass, nascida em 1835 na Alemanha e falecida a 05 de agosto de 1870 em Santa Maria, filha de Johann Gottlieb Nessmass e Wilhelmine Schneider, com quem teve a filha: Adelhaide Fischer, nascida em 1856 em Porto Alegre e casada a 11-01-1875 em Santa Maria com Wilhelm Luiz Richard Keunecke, ou apenas Ricardo Keunecke, nascido em 1831 em Offleben, Niedersachsen, Alemanha, filho de Anton K. e Laura Meyer. Em segundas núpcias Guilherme casou a 06 de setembro de 1873 em Santa Maria com Christina Holzbach, nascida em 1849 em Santa Maria, onde faleceu a 29 de abril de 1900, filha de Johann Holzbach e Christina Feldmann. Deste casamento houve:
F1- Concórdia Christina Fischer, n. 02-09-1874, Santa Maria e fal. 07-08-1958, Curitiba/PR. Casou-se com José Garibaldi Filizzola, tendo apenas um filho: Mânlio Garibaldi Fischer Filizzola.
F2- João Guilherme Fischer (Jango), n. 09-09-1876, Santa Maria e fal. 02-02-1952 na cidade do Rio de Janeiro. Ali casou-se com Jeanne Marie Leónce Dufor, com quem teve a única filha: Cristina Rose Marie Dufor Fischer.
F3- Celina Setembrina Fischer, n. 21-09-1878, Santa Maria, onde casou em 1902 com o seu primo Ludwig Friedrich Wilhelm Presser, n. 27-12-1871, São Leopoldo, filho de Wilhelm Ludwig Presser e Amalie Christiane Panitz, com quem teve um único filho: Guilherme Fischer Presser.
F4- Glória Leopoldina Fischer, n. 21-05-1883, Santa Maria, onde casou a primeira vez com Joaquim José de Souza Breves Filho, n. 28-07-1878, Rio de Janeiro, filho de outro do mesmo nome e de Justina de Oliveira Belo, com quem teve três filhos: Romy, Ainda e Paulo Breves. Após, Glória casou-se com Guilherme Occurtt.
F5- Guilherme Fischer, n. 25-04-1891, Santa Maria. Sem mais notícias.

A "Pharmacia e Drogaria Fischer" em Santa Maria, postal
repassado pelo pesquisador José Antônio Brenner de Santa Maria.
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Alguns irmãos de Guilherme Fischer também emigraram para o Brasil, como: Sophie Carolina Antonieta Fischer e Christian Fischer (o conhecido Cristiano Fischer), todos seguindo os passos do tio Friedrich Philipp Fischer, emigrado em 1846 para o Brasil e estabelecido com a mulher e filhos na região de Taquara e Três Coroas no Rio Grande do Sul. O último é meu ancestral, cuja biografia será tratada oportunamente.
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Agradecimentos: Perla Delambert Filizzola e Prof. José Antônio Brenner.