A mãe da mãe de meu
avô materno...: uma genealogia matrilinear
Autoria de
Diego de Leão Pufal
[dúvidas, acréscimos e correções,
escreva para
diegopufal@gmail.com]
[Esta publicação
pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego
de Leão. A mãe da mãe de meu avô materno ...: uma genealogia matrilinear,
in blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/]
[publicado em 31/01/2018]
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Dando seguimento à publicação
anterior, em que veiculei a minha genealogia matrilinear, hoje abordo a linha
ancestral feminina de meu avô materno.
Curiosamente ou não, a origem
matrilinear de meus avós maternos – o que foi possível apurar por meio da
documentação – é a mesma: ilha do Faial, Açores, Portugal. Os sobrenomes
relacionados em ambas genealogias indicam por certo que eram todos aparentados,
embora não tenha conseguido encontrar a ligação, pela ausência dos documentos
mais antigos.
Não há como deixar de registrar a
importância de desbravar a linha materna de cada um, como forma de resgatar os
sobrenomes de cada antepassada, pois se perdem, em regra, a cada casamento. Além
disso, a pesquisa genealógica por varonia é geralmente óbvia, considerando que
o sobrenome que levamos se repete por gerações, com algumas exceções, como é o
caso de muitas famílias lusitanas.
Nesse sentido, consegui retroceder 14
gerações, contando com a minha, descobrindo sobrenomes familiares que uma
pesquisa patrilinear jamais revelaria, além de parentescos inesperados. Do
mesmo modo, embora para alguns leigos em genealogia, ainda que eu não leve
estes sobrenomes em meu nome, não deixo de pertencer às famílias respectivas
das minhas antepassadas.
Assim que, como resgate histórico
genealógico, abordo a linha matrilinear de meu avô materno:
1. AURÉLIA ALBERNAZ(S) ou ALVERNAZ(S), nascida cerca de 1620 em
Pedro Miguel, na ilha do Faial, Açores e já falecida a 27/07/1659, quando do
casamento do filho João Duarte. Aurélia casou-se com SEBASTIÃO DUARTE, nascido por volta de 1610/1620 na freguesia de
Pedro Miguel, ilha do Faial, onde a 27/07/1659 também já era falecido. Este
casal gerou no mínimo 4 filhos: Aurélia Alvernaz, Maria Luís, João Duarte e Francisco
Alvernaz Duarte. Dentre estes, destaco:
2. AURÉLIA ALBERNAZ(S) ou ALVERNAZ(S) ou, ainda, AURÉLIA LUÍS, nascida por volta de
1640/1645 em Pedro Miguel, ilha do Faial, onde em 23/04/1703 já era falecida. Casou
a 07/06/1661 no mesmo local com ANTÔNIO
FURTADO DE MENDONÇA DA SILVEIRA, nascido cerca de 1640 na freguesia da Ribeirinha,
ilha do Faial e falecido depois de 1703, filho de Manuel da Silveira Goulart e
Francisca de Medeiros, cujos ancestrais não consegui descobrir. O casal gerou
no mínimo 5 filhos: um com nome ilegível, Domingos, Antônio, Bárbara e:
3. MARIA PEREIRA DA SILVEIRA,
batizada a 25/10/1673 em Pedro Miguel, ilha do Faial, onde faleceu a 30/09/1744,
tendo sido seu
corpo foi envolvo em hábito de São Francisco e "acompanhado com o colegio, cruzes e pendoens de todos desta Igreja
excepto a crus de São Pedro esta enterrada entre as grades para a
parte do Sul, seo marido lhe mandou fazer hú [um] officio de corpo prezente e lhe mandou dizer quarenta missas ...” (sic).
Casou na igreja de N. Sra. da Ajuda da mesma freguesia a 23/04/1703 com AMARO GONÇALVES, ali batizado a
08/08/1682 e falecido a 20/04/1767, com cerca de 85 anos, viúvo, sem os
sacramentos "por ser sua morte
inesperada foi seu corpo acompanhado a sepultura com o nosso Collegeo
todas as cruzes e Pendoez, era Irmão dos quarente e outo do Santíssimo.
Sacramento e das Almas", tendo sido seu corpo sepultado no
corredor da igreja da parte do sul, abaixo da grade. Não fez testamento "nem tinha de que o fazer",
sua filha Mécia Rosa lhe mandou celebrar as missas "que coubera na sua pobresa" (sic). Amaro foi filho de
Mateus Alvernaz(s)/Albernaz(s) e Isabel Gonçalves, neto paterno de Antônio
Alvernaz e Maria da Terra, naturais e moradores que foram de Pedro Miguel, e
neto materno de Amaro Gonçalves, de quem tomou o nome, e de Maria Rodrigues, naturais
da freguesia das Bandeiras, da ilha do Pico. Maria e Amaro tiveram ao menos
cinco filhos: Teresa de Jesus, Mécia Rosa, Antônio, Mateus e:
4.
FRANCISCA DA TRINDADE, nascida por
volta de 1708 em Pedro Miguel, ilha do Faial, onde faleceu a 18/09/1746, com 38
anos “pouco mais ou menos”, tendo sido
sepultada no interior da igreja de N. Sra. da Ajuda, debaixo do tabernáculo defronte
às portas travessas mais para a parte do norte. Casou no mesmo local a
24/05/1728 com JOSÉ LUÍS DE GOUVEIA,
nascido por volta de 1705 na freguesia do Almoxarife, ilha do Faial, filho de
José Luís de Gouveia e Ana da Rosa, nascidos respectivamente por volta de
1685/1690 na Praia do Almoxarife e na freguesia dos Flamengos. Francisca e José
Luís foram pais de: Raimundo, Teresa Inácia da Trindade, Jorge da Terra,
Raimundo, Francisco, Francisco e:
5.
ANA DA TRINDADE, batizada a
17/12/1732 em Pedro Miguel, ilha do Faial, onde faleceu a 27/07/1797, sem
testamento, sendo seu corpo envolvo em hábito de N. Sra. do Carmo e sepultada no
interior da igreja de N. Sra. da Ajuda. Casou no mesmo local a 04/02/1760 com JOAQUIM DE FARIA, ali nascido a 02/02/1738
e falecido a 28/03/1807, filho de Felipe de Faria e Maria Luís, nascidos em
Pedro Miguel em 1703 e 1711, neto paterno de Antônio de Faria e Maria Rodrigues
de Faria e neto materno de Pascoal Vieira e Maria Luís. Joaquim e Ana tiveram
ao menos 4 filhos: José, José, Antônio Joaquim de Faria e:
6.
TERESA DA TRINDADE, nascida a
03/04/1763 em Pedro Miguel, ilha do Faial e falecida a 31/07/1835 em Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, conforme o inventário de seus bens. Teresa
emigrou para o Brasil com o marido e filhos em meados de 1800, estabelecendo-se
em Porto Alegre. Casou-se em Pedro Miguel a 23/08/1789 com ANTÔNIO JOSÉ FERREIRA, nascido no mesmo local a 10/05/1763 e
falecido a 17/06/1845 em Porto Alegre/RS, Brasil, filho de Antônio José (nascido
por volta de 1730 na Praia do Almoxarife ou em Pedro Miguel) e de Clara Jacinta
(nascida em 1739 na Praia do Almoxarife), neto paterno de Antônio Alvernaz(s)/Albernaz(s)
e Maria da Luz e neto materno de Manuel Pereira e Domingas de Santo Antônio.
Vista da cidade da Horta, na ilha do Faial. Fotografia de Diego de Leão Pufal, tirada em 05/2016. |
Teresa e Antônio tiveram os filhos: José Antônio Ferreira, Jacinto Antônio
Ferreira, Antônio José Ferreira, Manuel Antônio da Silva e:
7.
ANA TERESA DE JESUS, nascida a
05/06/1790 em Pedro Miguel, ilha do Faial, e falecida a 02/04/1866 em Taquari, no
Rio Grande do Sul, Brasil, para onde emigrou em torno de 1800 com seus pais e
irmãos. Casou a 1º/05/1811 na igreja de N. Sra. da Madre de Deus de Porto
Alegre (Catedral) com ANTÔNIO INÁCIO DA
COSTA, nascido por volta de 1785 em Magé/RJ e falecido a 28/04/1843 em
Taquari/RS, aos 61 anos, de morte repentina e foi sepultado na igreja local, filho
de João Inácio da Costa (nascido em 1756 na cidade da Horta, ilha do Faial,
Açores) e de Catarina Antônia de Santa Rita ou Catarina Antônia Tomásia (nascida
em 1760 na Horta, ilha do Faial), neto paterno de Antônio da Costa e Teresa da
Boa Nova e neto materno de Manuel Pereira da Terra ou Manuel Pereira Galinha e
de Maria Jacinta, faialenses.
O
casal de Antônio e Ana conseguiu amealhar algum patrimônio durante suas vidas,
como demonstram os processos de inventário de seus bens. O de Antônio foi
autuado em 1866 em Taquari (APERS), depois de mais de vinte anos de sua morte,
sendo inventariante a viúva, cuja partilha se deu de forma amigável entre os
herdeiros. Foram arrolados oito escravos: Manuel, de 50 anos; Maria, de 50
anos, adoentada; Inácia, de 34 anos; Alexandra, de 34 anos; Lucindo, de 8 anos;
Firmino, de 6 anos; Elias, de 5 anos e Constança, de 2 anos; umas terras de
plantação entre a Barra do Riacho e o
rio Taquari, com cerca de 147 braças de frente, à margem da estrada que seguia
ao Passo do referido riacho e ao Passo Geral do mesmo rio, com fundos ao mesmo;
uma pequena tira de terras em seguimento das acima ditas e um prolongamento do
rio Taquari até uma sanga denominada Sanga Rosa; uma pequena casa de moradia,
em mau estado, na rua que da Vila seguia para a praia, com o terreno que lhe
corresponde da frente ao fundo, correspondendo mais dez palmos a leste para um
portão, acompanhando os mesmos fundos; um terreno a leste na propriedade acima,
com 120 palmos de frente e com fundos igual àquele e um terreno ao oeste da
casa de moradia com 130 palmos de frente com os mesmos fundos do acima.
Ana
Teresa de Jesus fez seu testamento aos 25/03/1866 em sua casa em Taquari/RS (APERS),
para onde o tabelião se dirigiu, encontrando-a de “cama doente, porem em seu perfeito juízo e claro entendimento”, declarando
que era católica, que tinha 79 anos, viúva de Antônio Inácio da Costa, de cujo
matrimônio existiam três filhas vivas, por nomes Inocência, Felicidade e Felisbina.
Deixou a terça de seus bens em favor das filhas Inocência e Felicidade, “pelo muito que lhes tem feito e servido,
tratando-as com amor e carinho”. Após outras disposições testamentárias, as
declarações foram lidas e aceitas por Ana Teresa, que por não saber ler e nem
escrever, pediu a Leandro Ribeiro que assinasse a seu rogo. Depois de uma semana
de seu testamento, Ana faleceu de morte natural, aos 79 anos e foi sepultada no
cemitério de Taquari/RS.
Por
ocasião do inventário de seus bens, autuado em 06/07/1868 também em Taquari (APERS)
foram arrolados os bens seguintes: uma casa de morada com 30 palmas de frente,
cozinha e um terreno com 10 palmas de frente, onde estava edificado um portão e
mais benfeitorias; um terreno pegado ao lado da casa a oeste, com 130
palmos de frente e fundos a uma sanga; um outro terreno com 120 palmos de
frente e fundos a mesma sanga, cujo terreno se divide a leste com o terreno
onde está edificado o portão; um terreno além do arroio do Riacho com 100 braças
de frente ao Rio Taquari; um outro pegado
ao mesmo acima com 113 braças de frente ao Rio Taquari, com cercado e dois
escravos: Elias, de 7 anos, e Constância, com 5 anos mais ou menos.
Ana
Teresa de Jesus e Antônio Inácio da Costa tiveram seis filhos: Jacinta, João
Inácio da Costa, Felicidade Antônia da silva, Inocência Antônia da Silva,
Eleutério da Costa e:
8.
FELISBINA ANTÔNIA DA COSTA (em
alguns registros consta como ALBINA
ANTÔNIA DA COSTA), nascida a 28/06/1825 em Taquari/RS e falecida a
1º/03/1914 em São Leopoldo/RS, onde casou a 14/11/1865, pouco antes do
falecimento de seu marido, com quem viveu durante anos, legitimando a relação
tempos depois. Seu marido foi JEAN
CHARLES POMPÉE DÉMOLY ou João Carlos Pompeu Demoly, nascido a 23/10/1807 em
Ile d´Yeu, Vendée, Pays de la Loire, França, e falecido a 24/06/1866 em Porto Alegre/RS,
filho de Jean Démoly e Marie Rose Aurore Moizeau. Sobre este meu antepassado
francês, Jean Charles, já escrevi dois artigos sobre sua vida e obras, tendo
disponibilizado parte do primeiro neste blog, o qual pode ser consultado em http://pufal.blogspot.com.br/2008/08/jean-charles-pompe-demoly-e-sua.html. O casal teve quatro
filhos: João Carlos Pompeu Demoly, Maria Isabel Demoly, Rosa Demoly e:
9.
MARIA ESTELA DEMOLY, nascida cerca
de 1860/1861 em São Leopoldo/RS e falecida a 1º/05/1920 em Porto Alegre/RS.
Casou a 19/01/1878 em São Leopoldo/RS com ZEFERINO
COELHO NETTO, nascido a 20/04/1842 em Alegrete/RS e falecido a 25/12/1885
em Porto Alegre/RS, filho do capitão Zeferino Coelho Netto e de Cândida
Francisca Pereira. Zeferino, marido de Maria Estela, foi escrivão de órfãos e
ausentes de São Leopoldo e teve, deste seu casamento (pois foi casado outras duas
vezes), sete filhos: Alcides, Almerinda, João, Ermelina, Zeferina, Diamantina e:
10.
CAMILLA COELHO NETTO, nascida a
15/07/1884 em São Leopoldo/RS e falecida a 17/04/1902 em Porto Alegre/RS. Teve
uma única filha com ERNESTO DE SOUZA
LEAL FILHO ou ERNESTO DE SOUZA LEAL
DE OLIVEIRA, nascido a 15/09/1863 em Osório/RS, filho de Ernesto de Souza
Leal, de quem também já tratei no blog: http://pufal.blogspot.com.br/2008/08/ernesto-de-souza-leal.html, e Felisberta Antônia
Inácia de Oliveira. De Camilla e Ernesto nasceu:
11.
JENNY COELHO NETTO, nascida a
11/07/1901 em São Leopoldo/RS e falecida a 03/04/1984 em Porto Alegre/RS, onde
casou a 18/12/1920 com FLORIANO ANTÔNIO
DE LEÃO, nascido a 05/08/1899 em Porto Alegre, onde também faleceu a
26/10/1974, filho de Gasparino Antônio de Leão e Leocádia de Almeida da
Soledade. Pais de:
12. N. A. DE LEÃO, nascido em
Porto Alegre, onde casou com M. L.
BRASIL, com quem teve dois filhos, dentre eles:
13. D. B. DE LEÃO nascida em
Porto Alegre, onde casou com H. L. S. PUFAL,
com quem teve quatro filhos, dentre eles:
14. DIEGO DE LEÃO PUFAL.
***
FONTES DE PESQUISA:
- Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de
Porto Alegre (AHCMPA): livros de batismos, casamentos e óbitos de Porto Alegre,
São Leopoldo e Taquari e arquivo do genealogista Jorge Godofredo Felizardo.
- Arquivo pessoal de Diego de
Leão Pufal, Helder Oliveira e João Simões Lopes Filho.
- Arquivo Público do Estado do
Rio Grande do Sul (APERS): processos de inventários, livros de tabelionatos e
registros paroquiais de Taquari e Porto Alegre.
- Centro de Conhecimento dos
Açores – disponível em http://www.culturacores.azores.gov.pt/default.aspx
- CITCEM – Centro de
Investigação Transdisciplinar. Cultura, espaço e memória. Grupo de história das
Populações. Disponível em http://www.ghp.ics.uminho.pt/software.html
Parabéns pelo trabalho. Tenho acompanhado e lido tudo. Obrigado, Diego.
ResponderExcluirObrigado prezado José Antonio Allgayer!
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