Poesias de Mário da Silva Brasil
(1889-1962)
Desde julho de 2008 venho veiculando neste blog algumas poesias e crônicas do meu bisavô Mário da Silva Brasil, as quais foram escritas em sua grande maioria na década de 1910, na cidade de Porto Alegre. Muitas delas foram publicadas nos jornais da época, já outras ficaram registradas em seu caderno.
Para que as obras de Mário da Silva Brasil não fiquem no esquecimento, disponibilizo mais uma de suas poesias, preservando a escrita da época:
A Constancia
A
constancia é a firmeza de animo que persiste sobre um acto de nossa livre
vontade. Assim, diz-se que um homem é constante quando elle lucta em prol de
uma mesma opinião, de uma mesma causa.
Constante
é o alunno, que compenetrado de seus deveres, procura sempre e cada vez mais
adeantar no campo dos conhecimentos humanos.
Constante
é o operario, que sem se desanimar trabalha para a sua manutenção e a de sua família.
Constante
é a esposa, que em face das difficuldades do lar, nunca desampara o seu marido,
tendo nos filhos a mais profunda attenção.
Constante
é o mestre, que não medindo sacrificios nem encarando difficuldades, segue
sempre na sagrada arena do ensinamento, na illuminação dos espiritos jovens.
Constante
emfim, é todo aquelle que começando um trabalho, uma ardua tarefa, um
embaraçoso encargou ou empresa difficil, continua resoluto e firme no
desempenho dessas varias funcções sem nunca desanimar.
A
persistencia, a paciencia, a perseverança, não são mais que uma constancia bem
definida.
Dissemos
que a perseverança toda cousa alcança, acho que da constancia poderiamos dizer
o mesmo.
Sem
ella não poderiamos tomar a hombros qualquer empreza, sem ella não
suportariamos as agruras das desgraças que pesam sobre nossas cabeças s sem
ella não alcançariamos a bemaventurança eterna, ideal único de quem se julga
verdadeiramente christão. Portanto é a constancia um balsamo que suavisa as
nossas dores e diminue as nossas penas dando-nos coragem, vida, forças e animo
no que se nos mostra penoso ou eriçado de difficuldades.
Santa Maria, 14-09-1909. Publicado no
Jornal O Popular.
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