A Família
“Gago da Câmara”
[da Cananeia/SP ao Rio Grande]
Autoria de: Diego de Leão Pufal
Autoria de: Diego de Leão Pufal
[Esta publicação pode ser utilizada pelo(a) interessado(a), desde que citada a fonte: PUFAL, Diego de Leão. A Família Gago da Câmara - da Cananeia/SP ao Rio Grande, in blog Antigualhas, histórias e genealogia, disponível em http://pufal.blogspot.com.br/]
[acréscimos, dúvidas e correções escreva para diegopufal@gmail.com]
[atualizado em 30/04/2016]
Os “Gagos da Câmara” emigraram pela
segunda metade do século XVIII do Arquipélago dos Açores, ilha de São Miguel,
estabelecendo-se no litoral paulista, na então Vila de Cananéia. Alguns filhos
do patriarca permaneceram no Estado de São Paulo, enquanto outros se radicaram
na Bahia e no Rio Grande do Sul. No Sul do Brasil fizeram história na cidade de
São Leopoldo e arredores, deixando larga e conhecida descendência.
Monumento em homenagem a João Gonçalves Zarco no centro de Funchal, patriarca da família Câmara nos Açores. Foi navegador português e cavaleiro fidalgo da Casa do infante D. Henrique. Em 1460 o Rei D. Afonso V concedeu brasão de armas e o apelido de Câmara de Lobos a João Gonçalves Zarco, passando então a assinar João Gonçalves de Câmara. [disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Gon%C3%A7alves_Zarco] |
A ascendência de Francisco Gago da Câmara foi tratada por Antônio Ornelas Mendes e Jorge Forjaz, nas “Genealogias da Ilha Terceira” (Lisboa: DisLivro Histórica, 2007, v. IV, em título Gago), e pode assim ser resumida:
I. Francisco Gago da Câmara,
n. 18/1/1706, São Pedro da Ponta Delgada, ilha de São Miguel, foi filho de:
II. Isabel da Câmara e Silva,
bat. 6/6/1667, São Pedro da Ponta Delgada, onde a 30/6/1681 casou com João
da Fonseca de Teve, filho do capitão Manuel da Fonseca Escórcio (ou de
Teve) e de Maria Pimentel de Seixas, n.p. Miguel Ferreira Escórcio (ou Cardoso)
e de Leonor da Fonseca Camelo, n.m. Pedro de Souza Coelho e de Isabel do Porto
Pimentel. Isabel da Câmara foi filha de:
III. Gonçalo da Câmara e Silva
(ou Gonçalo da Câmara e Sá), n. Ponta Delgada. Foi alferes da bandeira da
Câmara de Ponta Delgada por alvará de 1673 e capitão de ordenanças. Casou a
26/11/1657 em São Pedro da Ponta Delgada com Mariana de Gusmão Orosco,
filha de Manuel Cordeiro de Orozco (ou de Arez), nascido nas Índias da Castela,
e de Ana de Pimentel, com quem casou a 6/9/1635 em São José da Ponta Delgada,
ilha de São Miguel, n.m. João Cordeiro da Cunha e Clara Josefa de Souza
Pimentel (ascendência em “Genealogias da
Ilha Terceira, III, p. 355). Gonçalo foi filho de:
IV. Rui Gago da Câmara, bat.
a 15/7/1606 na Matriz da Ribeira Grande, ilha de São Miguel e fal. 22/11/1658
em São Pedro da Ponta Delgada. Segundo os mencionados autores das “Genealogias
da Ilha Terceira” (p. 688), Rui Gago “passou
à Flandres em 1635, onde serviu como alferes nos exércitos do cardeal-infante
D. Fernando e do de D. Francisco de Melo. Esteve nas campanhas de Vanloo,
Ruremond, St. Venant, Bruges, Barlamont, Calais, Gueldre, La Basset e
Homecourt, até 1643, ano em que caiu prisioneiro na batalha de Rocroy e foi
enviado para Portugal. Serviu depois nas campanhas da Restauração como capitão
de Infantaria, distinguindo-se na defesa de Olivença em 1648. Foi capitão
entretenido no Castelo de S. João Baptista de Angra, por alvará de 18.11.1654,
e da ilha de S. Miguel por alvará de 21.10.1655; cavaleiro da Ordem de Aviz,
com comenda, por portaria de 20.6.1657”. Após foi vereador da Câmara de
Ponta Delgada (1657). Casou em São Pedro da Ponta Delgada a 16/7/1720 com Ana
de Bittencourt e Sá, filha do alferes-mor Brás Barbosa da Silva e
Catarina de Bittencourt, n.p. Hércules Barbosa e Isabel Fernandes Ferreira. Rui
Gago foi filho de:
V. Rui Gago da Câmara, fal.
02/08/1616 na Ribeira Grande, ilha de São Miguel, com testamento feito em
16.12.1613. Dali foi seu capitão-mor, “muito cortesão e discreto” (Op. cit, p. 688). Casou entre 1590 e
1601 com Francisca de Oliveira de Vasconcelos, filha de Manuel de
Oliveira e Vasconcelos e de Isabel Nogueira, n.m. Estevão Nogueira e Paulina Barbosa
(esta, por sua vez, prima em segundo grau do mencionado Hércules Barbosa). Rui
Gago foi filho de:
VI. Rui Gago da Câmara, fal.
a 21/07/1595 na Ribeira Grande, ilha de São Miguel, com testamento feito a
25/08/1590. Foi administrador do vínculo do padre Gago Bocarro, procurador das
Câmaras da ilha de S. Miguel, em Lisboa, e capitão-mor da Ribeira Grande em
1571. Recebeu armas (brasão) em 16/05/1563: “um
escudo com as armas dos Gagos, tendo por diferença um cardo de ouro florido. O
original desta carta encontra-se hoje no Brasil, na posse de particulares”
(Genealogias da Ilha Terceira, v. IV, p. 684). Rui casou com Isabel
Botelho de Melo, filha de Garcia Rodrigues Camelo e de Maria Travassos,
n.p. João Álvares Camelo. Rui foi filho de:
VII. Paulo Gago, o qual viveu
na Ribeirinha, da Ribeira Grande e “era
discreto, latino e bom cavaleiro, um dos melhores que havia na ilha, e nunca
lhe levava a avantagem de bem posto e consertado e muito airoso a cavalo”,
segundo Gaspar Frutuoso, citado por Antônio de Ornelas Mendes e Jorge Forjaz (Op. Cit, IV, p. 684). Paulo casou em
1530 com D. Guiomar da Câmara, filha de Antão Rodrigues da Câmara, o Mulato, que instituiu o morgado da
Ribeirinha, na ilha de São Miguel, por alvará de 1508, e de Catarina da Cunha,
n.p. Rui Gonçalves da Câmara e de Maria Rodrigues, os quais não foram casados.
Rui Gonçalves da Câmara, por sua vez, nasceu na ilha da Madeira e foi filho de
João Gonçalves Zarco (a quem se atribuía a descoberta da Ilha da Madeira e o
genearca de toda família Câmara dos Açores - ascendente também de Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcelos, sesmeiro de Porto Alegre - antepassado de Diego de Leão Pufal e muitos riograndenses) e de Constança Rodrigues. Paulo foi
filho de:
VIII. Luís Gago, n. Beja.
Serviu nas guerras contra Castela e, de acordo, com os mencionados autores (p.
682), Luís Gago foi moço fidalgo da Casa da Rainha e cavaleiro fidalgo da Casa
Real e instituidor de um vínculo a 4.3.1534. Casou com Branca Afonso da Costa,
filha de Afonso Anes Colombreiro da Costa e de Beatriz Rodrigues Carneiro, “nobre mulher, natural do Porto” (Op. Cit., v. III, p. 549). Afonso saiu
de sua terra natal, Raposeira, para a ilha da Madeira, de onde passou em 1449
para a ilha de São Miguel e foi filho de Rodrigo Anes Cogombreiro da Costa. Luís
foi filho de:
IX. Estevão Rodrigues Gago,
n. em Alcácer do Sal. Segundo Gaspar Frutuoso (Op. Cit., pp. 681/682), Estevão foi “fidalgo que fez muitos serviços a El-rei nas guerras de Castela, onde
foi muito ferido, principalmente de uma lançada, que em se recolhendo os
portugueses lhe deram os castelhanos de arremesso por baixo das couraças, nos
lombos, de que lhe ficou um nó grande por sinal”. Foi ouvidor da Casa do
Duque de Beja e do Mestrado da Ordem de Cristo. Casou com ... Godinho. Antônio
Ornelas Mendes e Jorge Forjaz sugerem que Estevão Rodrigues Gago tenha sido
filho de Rui Gago e, assim, neto de Lourenço Anes Gago que viveu em Beja entre
o final do século XIV e século XV.
O Capitão-mor Francisco
Gago da Câmara casou-se a 18/10/1733 em Cananeia/SP com Madalena
de Freitas Sobral, n. em 1707, filha do capitão Antônio de Freitas
Henriques e Cecília Sobral, cujas ascendências não descobrimos. Porém, do
inventário do irmão de Madalena, de João Batista Sobral, autuado em 1753,
disponível na página do Projeto Compartilhar (Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes
Junqueira - www.projetocompartilhar.org), foi possível encontrarmos mais dados sobre esta família. O processo
foi autuado em 1753 na “Paragem Cachoeira
do Brumado, arrabaldes dos Olhos Dagua – Freguesia de Prados – Termo de São
José – Comarca do Rio das Mortes”, tendo João Batista Sobral falecido com
testamento, deixando como herdeira de seus bens sua mãe, visto ser solteiro e
seu pai já falecido. João Batista nasceu em Cananeia/SP e deixou, ao falecer, um
sitio denominado “A Cachoeira do Brumado”,
com casas térreas de vivenda, paiol, moinho cobertos de telha, senzalas, chiqueiros
e estrebaria cobertos de capim, confrontando a Leste com Jose Mendes, a Norte
com José Vieira e Antônio Pinto de Souza; à Oeste com Antônio Machado Rodrigues
e ao Sul com Manoel Pereira. Com 16 alqueires de milho plantado – Tudo avaliado
em 1:570$000 réis; 10 escravos; 94 cabeças de gado; 14 cavalos e 40 alqueires
de feijão e 900 alqueires de milho empaiolados, com monte-mor de 4:314$078 réis.
Na ocasião, D. Cecília de Sobral declarou que “teve com o falecido Capitão Antônio de Freitas Henriques os filhos:
Lourenço de Freitas Henriques, João Batista de Sobral. Antônio de Freitas e
Madalena de Freitas.”
Cananéia localiza-se no litoral de São Paulo e faz parte da história brasileira desde o seu descobrimento. Próximo à cidade de Iguapé e na fronteira com Paraná, muitos ali nascidos foram povoar o Estado vizinho e, consequentemente, o Santa Catarina e Rio Grande do Sul. [imagem de satélite da região de Cananéia, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Canan%C3%A9ia] |
Francisco Gago da Câmara e sua esposa D. Madalena de Freitas Sobral geraram seis filhos Caetano,
Leonarda, Antônia Inácia, José, Francisca e Luísa Bárbara Gago da Câmara, que
seguem:
2.1 Caetano Gago da Câmara, foi capitão de milícias, n. 1734 em
Cananeia/SP e fal. antes de 1779 na ilha de São Miguel, para onde acompanhou
seu pai em 1777 para administrar o margadio da família. Lá faleceu solteiro,
não deixando descendentes. Segundo a lista de Auxiliares de 1772 (Arquivo
Ultramarino, Lisboa), residia em Cananeia o capitão-mor Caetano Gago da Câmara,
então com 38 anos, solteiro.
2.2. José Gago da Câmara, n. 1744, Cananeia/SP e fal. depois de 1765,
solteiro, sem deixar, ao que parece, descendentes.
2.3 Leonarda Maria Gago da
Câmara, n. 1747, Cananeia/SP e
fal. 11/01/1823, Porto Alegre/RS, de disenteria, com mais de 70 anos, viúva,
tendo sido sepultada no cemitério da Matriz de Porto Alegre.
Casou entre os anos de 1760/1763 em Cananeia/SP com o tenente Agostinho Rodrigues da Silva (ou Agostinho Rodrigues de Souza), nascido em 1740, Cananeia/SP e fal. 03/07/1817, Porto Alegre/RS, aos 70 anos, tendo sido seu corpo sepultado no cemitério da Matriz (Catedral).
Casou entre os anos de 1760/1763 em Cananeia/SP com o tenente Agostinho Rodrigues da Silva (ou Agostinho Rodrigues de Souza), nascido em 1740, Cananeia/SP e fal. 03/07/1817, Porto Alegre/RS, aos 70 anos, tendo sido seu corpo sepultado no cemitério da Matriz (Catedral).
Pelos censos de 1765 e 1767, verificamos que
Agostinho, no primeiro, contava 24 anos, enquanto no segundo é apontado como
tenente da Companhia de Auxiliares da Vila de Cananeia, viver de suas lavouras,
casado, pai de dois filhos e proprietário de cinco escravos.
Por ocasião do censo realizado em 1772 em
Cananeia (lista de Auxiliares – Arquivo Ultramarino, Lisboa), residiam na vila:
· O tenente Agostinho de Souza, 32 anos;
· Leonarda Gaga da Câmara, esposa, 25 anos;
· Tomásia, filha, 8 anos;
· Luísa, filha, 5 anos;
· Feliciana, filha, 3 anos;
· Serafim, filho, 2 anos, e
· Gertrudes, filha, 2 meses.
O casal nesta época viva de seus negócios e era
proprietário de dois escravos.
Segundo o Anuário Genealógico Latino de Salvador da Moya (p. 210), o
tenente Agostinho com sua mulher e filhos abandonou Cananeia, em navio próprio,
a 06/01/1794 “não se sabe para onde nem o
que lhes aconteceu” (ver ofício do sargento-mor da Cananeia ao Governador
da Capitania).
Efetivamente a família de D. Leonarda abandonou Cananeia,
estabelecendo-se no Rio Grande do Sul, inicialmente em Porto Alegre e, depois, em
cidades vizinhas, como Capela de Santana, Triunfo e São Leopoldo.
D. Leonarda e o tenente Agostinho geraram, ao menos, sete filhos:
Tomásia, Luísa, Feliciana, Serafim, Gertrudes, Florêncio e Agostinho, que
seguem:
3.1 Tomásia Gago da Câmara, n. 1764, Cananeia/SP. Sem mais notícias.
3.2. Luísa Gago da Câmara, n. 1767, Cananeia/SP. Sem mais notícias.
3.3. Feliciana Alexandrina da Silva Câmara, n. 1769, Cananeia/SP. Casou com José dos Santos Telles de Menezes,
n. 1785, Cidade do Porto, batizado na Igreja de Santo Ildefonso, Portugal,
filho de José dos Santos de Vasconcelos e Ana Angélica Telles de Menezes. O
casal residia em Porto Alegre/RS. José foi irmão da Irmandade da Santa Casa de
Porto Alegre. José dos Santos e esposa não deixaram descendentes, tendo ele
falecido com testamento em Porto Alegre, em 06/09/1856. José declarou, na
ocasião, sua naturalidade, filiação, além de não ter deixado filhos com sua
esposa Feliciana Alexandrina, apesar de criar dois expostos da Santa Casa de
Misericórdia. Declarou ainda que seu corpo fosse “involto no habito e São Francisco, será conduzido sem pompa à Igreja da
Santa Caza de Mezericordia, di donde sou Irmão, e ahi no Simitério sepultado”.
(APRS: proc. n. º 1.070, maço 56, ano 1840, cartório da Provedoria de Porto
Alegre). D. Feliciana também faleceu com testamento em Porto Alegre (APRS:
proc. 1.724, maço 67, 1866, cartório da Provedoria de Porto Alegre) e, por não
deixar filhos, legou:
·
a quantia de cem mil réus a cada uma de suas
sobrinhas: Maria Rita, Clara, Maria das Dores, Ana, Francisca de Paula e ao
sobrinho José, todos filhos de sua irmã Gertrudes, já falecida;
·
a mesma quantia à sobrinha Maria, filha do irmão
Agostinho;
·
à sobrinha e afilhada Anna Maria das Dores, filha de
seu irmão Florêncio um terreno em sua chácara, com 30 palmos de frente para a “Nova rua projectada na mesma Chacara
com direção à rua dos Moinhos, e com cento e quatro palmos de fundos” e
mais cem mil réis;
·
à sobrinha Leonarda, filha do irmão Florêncio, a
quantia de 100$000 réis; ao sobrinho-neto José, filho de Leonarda, a mesma
quantia de 100$000 réis (cem mil réis);
·
à afilhada Feliciana, filha do compadre Francisco
Silveira de Azevedo, casada com Antônio de Tal, oficial de ferreiros, um
terreno com 30 palmos de frente com 104 de fundos na sobredita projetada rua na
mesma Chácara;
·
outro terreno de mesmo tamanho à sobrinha Ana casada
com João Álvares Guterres e seu filho Honório, seu afilhado;
·
deixou a quantia de 400$000 réis para ser empregada em
ações da Companhia Hidráulica, a serem entregues à afilhada Francisca de Paula,
criada em sua casa, “para gozar de seos
rendimentos como propriedade sua, com a clauzula porém de nunca poder ella
(...) vender as referidas acções enquanto for viva; por sua morte passarão as
mesmas acções à Irmandade de N. Senhora da Conceição a quem ficão
difinitivamente pertencendo”;
·
à afilhada Clara, filha do finado Manuel Alves Ribeiro
e à sobrinha Maria das Dores, um terreno na mesma chácara situado na várzea
desta cidade (Porto Alegre) com 50 palmos de frente para a mesma várzea, entre
a casa do pardo S. Anna, e o terreno de Francisco José Moreira, com fundos
iguais do mesmo S. Anna e Moreira, e mais 100$000 réis em dinheiro;
·
ao Senhor dos Passos da Santa Casa de Misericórdia a
quantia de 100$000 réis;
·
a quantia de 400$000 réis à sobrinha Manuela, filha do
finado Manuel Alves Ribeiro e à sobrinha Maria das Dores, quantia a ser recolhida
no Banco da Província;
·
à afilhada Rosa Maria da Conceição que vivia em sua
companhia, deixou em usufruto à casa de sua chácara, com seu terreno,
obrigando-a “a tratar de meo Oratorio com
as Imagens que nelle existem, com a mesma decencia e devoção com qui sempre a
tenho feito, e a conservar em sua companhia as minhas escravas Francisca e
Delfina, ambas crioulas a quem deixo libertas, com a clauzula de se conservarem
em comp.ª da referida minha afilhada até se casarem ou até que completem a
idade de 25 annos, época em que receberão suas cartas de liberdade”;
·
na mesma chácara deixou um terreno com frente à
várzea, entestando à chácara do Dr.
Ramos, para nela “se edificar uma Capella
com a invocação de N. S. das Dores, cuja imagem existe no meo Oratorio
particular, e sua mesma Capella serão collocadas as outras imagens existentes
no mesmo meo Oratorio”;
·
libertou os escravos Bernardino, com 18 anos e
Benedito“e poderão, se quizerem,
continuar a morar na mesma Chácara, e nos respectivos aposentos, durante
a vida de minha afilhada Rosa”;
·
no caso de sua sobrinha e comadre D. Maria das Dores quisesse
morar na casa de sua chácara enquanto fosse viva, a sua afilhada Rosa lhe
destinaria sua parte da casa para sua vivenda sem ônus ou obrigação alguma;
·
a casa que possuía com três janelas na frente da
várzea, construída na esquina da rua Projetada, deveria ser vendida para que se
cumprisse as disposições testamentárias e, acaso não fosse necessário, deixava
à afilhada Rosa Maria da Conceição para seus rendimentos e sustento de suas
escravas Delfina e Francisca;
·
os terrenos de sua chácara que estivessem
desembaraçados seriam vendidos da esquina da casa para o lado leste, pois o
lado oeste destinava para a capela de N. Sra. das Dores, a fim de cumprir as
disposições testamentárias;
·
solicitou que seu testamenteiro arrendasse a catacumba
onde estavam os restos mortais de seu falecido marido, local onde também
deveria depositar os seus; pediu, ainda ao seu testamenteiro que fizesse “seo enterro com decência mas sem pompa, e
mandarão dizer por minha alma as missas que for possível de corpo
presente e no sétimo dia”.
·
nomeou como testamenteiros, em primeiro lugar, o padre
da Igreja do Rosário José Inácio de Carvalho e Freitas, em segundo, Francisco
José Moreira e, em terceiro, João Álvares Guterres;
·
os bens móveis de sua chácara deixou à afilhada Rosa,
enquanto os talheres de prata os dividiu às sobrinhas e afilhadas Maria das
Dores, Rosa Maria da Conceição, Virgínia Maria das Dores casada com Joaquim de
Santa Ana André, Francisca de Paula casada com Antônio de Tal Godinho;
·
à sobrinha Maria das Dores deixou uns óculos de aros
de ouro, e outros maiores à afilhada Rosa Maria da Conceição;
·
ao escravo Bernardino, liberto, deixou um cordão de
ouro com duas varas de cumprimento; à escrava Delfina uma vara de cordão de
ouro e à escrava Francisca um par de argolas de ouro.
Da leitura do testamento, verificamos a grande devoção de D. Feliciana
para com N. Sra. das Dores, tanto em razão de algumas afilhadas e sobrinhas
seguirem com o nome “das Dores”, como por ter legado um espaço para a
construção de uma capela em homenagem à Santa.
D. Feliciana e marido residiam em sua chácara na Várzea de Porto Alegre,
em frente ao atual parque Farroupilha, no que vem a ser hoje a Avenida Osvaldo
Aranha, a qual acreditamos tenha sido denominada, no testamento, como “Rua
Projectada”.
Tanto é assim, que Sérgio da Costa Franco (Porto Alegre: Guia Histórico.
Porto Alegre: UFRGS, 3. ed., 1998, p. 296), ao tratar sobre a Avenida Osvaldo
Aranha, menciona:
[...] perdurou o problema da fixação de um alinhamento. Em sessão de
26/10/1843, da Câmara Municipal, diante de um pedido feito por José dos Santos
Teles de Menezes e por Isabel Maria da Trindade, decidiram os vereadores ‘que
se desse o alinhamento pedido, por isso
que, com a falta do mesmo, sofrem os proprietários que pretendem edificar, e
para os que já têm os precisos materiais expostos ao tempo e deteriorando-se
por isso [...].
3.4 Serafim Elói da Silva, n. 1770, Cananéia/SP e fal. 5/5/1801, Porto Alegre/RS, solteiro, aos
30 anos de idade.
3.5 Gertrudes Maria Gago da Câmara ou Gertrudes Maria da Silva Câmara, n. 1772, Cananéia/SP e falecida em
Porto Alegre, com testamento feito em 31/01/11855 (APRS: proc. n.º 1.393, maço
64, cartório da Provedoria, ano de 1855). Casou com Antônio José Telles de Menezes,
n. freguesia de São Martinho, Penafiel, Portugal e fal. 19/03/1842, Porto Alegre/RS,
f.º de José Lopes Xavier Pinto e Vitória Joaquina Telles de Menezes.
Em seu testamento, D. Gertrudes Maria Gago da Câmara, “achando-me com saúde e em meu perfeito
juízo”, declarou ter nascido
na Villa de Sam João Baptista de Cananea da província de Sam Paulo, fui baptizada na respectiva Igreja Matriz, sou filha legitima do Capitão
Agostinho Rodrigues Silva, e de sua mulher Dona Leonarda Maria Gago da Camara,
ambos já falecidos, filha de pais catholicos eu otinha sido e serei sempre athe
ao ultimo instante da minha vida, pela convicção que sempre tive e tenho de ter
a única everdadeira religão, na qual pretendo viver e morrer, amparada e
socorrida com aproteção da Santissima Virgem nossa Senhora, e defendida pelo
bendito Anjo da minha Guarda.
Disse ainda ter sido casada “à
face da Igreja” com Antônio José Telles de Menezes, já falecido, “de cujo matrimonio tivemos quinze filhos,
dos quaes prezentemente vivem sete por terem os outros falecido, um de menor e
outros de maior idade.”
Nomeou para testamenteiros, em primeiro lugar, o filho José Antônio
Telles da Câmara; em segundo, José Inocêncio Pereira e, em terceiro, o Sr. Lopo
Gonçalves Bastos.
Declarou “os bens que actualmente
possuo”: uma chácara com 224 braças mais ou menos de frente para a estrada
que segue à Capela de Viamão, e 600 braças mais ou menos de fundo a entestar
por um valo de terras dos herdeiros de Constantino Moraes, a qual estava
hipotecada em favor do senhor Antônio José de Araújo Basto em razão da dívida
de 2:720$000 réis, “provenientes de
dinheiros com que em diversas occazioens me suprio para meu alimento
vestuario curativos em minha enfermidade e de minha familia”, e dois escravos
de nação de nomes Joaquim e Jesuína.
Primeira página do testamento de D. Gertrudes Maria Gago da Câmara [APRS: proc. 1.393] |
Mandou dizer cinco missas por alma de seu marido e outras cinco pela
dela, “as quaes serão celeberadas no oratório
de minha caza, ou no Altar de nossa Senhora da Conceição da Igreja Cathedral
desta Cidade”.
O remanescente de sua terça deixou às quatro filhas solteiras:
Francisca, Leonarda, Clara e Ana Joaquina.
Assinou a seu rogo, “por não saber
escrever” o senhor Joaquim Pereira do Couto.
Antônio José Telles de Menezes e Gertrudes Maria foram pais de 15
filhos, sendo que apenas foram identificados 14, dos quais oito já eram
falecidos em 1855. Pais de:
4.1 Leonarda Telles de Menezes, n. 11/5/1796, bat. 30/5/1796, Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
4.2 Antônio Telles de Menezes, n. 30/3/1799, bat. 14/4/1799, Porto Alegre.
4.3 Gertrudes Telles de Menezes, n. 21/5/1800, bat. 2/6/1800, Porto Alegre. Gêmea de Vitória. Falecida
antes de sua mãe.
4.4 Vitória Joaquina Telles de Menezes, n. 21/5/1800, bat. 2/6/1800, Porto Alegre – gêmea de Gertrudes -, onde
fal. 12/12/1834, solteira.
4.5 Clara Telles de Menezes, n. 8/8/1801, bat. 16/8/1801, Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
4.6 Fortunata Maria da Câmara Telles, n. 9/3/1803, bat. 19/3/1803, Porto Alegre, onde faleceu solteira aos
29/7/1840.
4.7. Vitória Telles de Menezes, n. 15/5/1804, Porto Alegre.
4.7. Vitória Telles de Menezes, n. 15/5/1804, Porto Alegre.
4.8 João Telles de Menezes, n. 9/8/1805, bat. 18/08/1805, Porto Alegre.
4.9 Maria da Conceição Telles de Menezes, n. 11/04/1807, bat. 22/04/1807, Porto Alegre casou a 1º/6/1836 com Joaquim
Moreira Júnior, filho de Manuel Moreira e Ana Maria Rosa. Pais de:
5.1 Ana Maria Moreira, n. Porto Alegre, onde casou com João Alves Guterres, testamenteiro
da tia-avó de sua mulher, D. Feliciana Maria Gago da Câmara, n. Porto Alegre/RS,
filho de José Alves Ribeiro Guimarães e Clara Amália Guterres (casados em Porto
Alegre a 25/12/1826), neto paterno de José Álvares Ribeiro Guimarães e Juliana
Álvares Veludo (abaixo citados) e, materno, de Tomaz Luís dos Santos Guterres e
Violante Maria de Jesus. Pais de:
6.1 Ildefonso Moreira Guterres, n. 4/6/1861, Porto Alegre.
6.2 Zulmira Moreira Guterres, n. 27/1/1863, Porto Alegre.
6.3 Honório Moreira Guterres, n. 13/4/1865, Porto Alegre.
6.4 Isolina Moreira Guterres, n. 13/4/1869, Porto Alegre.
6.5 Julieta Moreira Guterres, n. Porto Alegre, onde se casou a 18/9/1897 (Igreja do Menino Deus) com
José
Emílio Victória, filho de Francisco Gonçalves Victória e Mathildes
Pereira da Silva.
4.10 José Antônio Telles de Menezes, n. 3/11/1808, bat. 11/11/1808, Porto Alegre.
4.11 Maria das Dores Telles, bat. 3/7/1810, Porto Alegre, onde se casou a 2/3/1844 com Manuel
Álvares Ribeiro, n. Porto Alegre, filho de José Álvares Ribeiro Guimarães
(n. 1768 na freguesia de São Miguel das Caldas, Guimarães, Braga, Portugal e
fal. 25/04/1804, Porto Alegre, casando-se a 19/10/1795 em Osório/RS) e de
Juliana Álvares Veludo (bat. 30/04/1773, Viamão/RS e fal. 25/08/1845, Porto
Alegre) (acima mencionados), neto paterno de Manuel Álvares Ribeiro e Marcelina
Álvares de Jesus e, materno, de José Álvares Veludo (n. São Mamede, Porto,
Portugal) e Maria Teresa de Jesus (n. ilha de São Miguel, Açores). Pais de:
5.1 Clara Ribeiro, n. Porto Alegre.
5.2 Manuela Ribeiro, n. Porto Alegre.
4.12 Joana Telles de Menezes, bat. 11/05/1812, Porto Alegre.
4.13 Maria Rita da Câmara Telles de Menezes, n. Porto Alegre, onde a 11/04/1831 casou-se com Manuel de Freitas Júnior,
n. Mostardas/RS, filho de Elias José de Freitas e Francisca Pereira de Souza.
4.14 Ana Joaquina Telles de Menezes, bat. 02/02/1819, Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
4.15 Francisca de Paula Telles de Menezes, n. Porto Alegre. Em 1855 era solteira.
3.6 Florêncio Antônio da Silva Câmara (às vezes apenas Florêncio Antônio da Silva), n. cerca de 1775 em
Cananeia/SP e falecido no Rio Grande do Sul. A 06/05/1800 em Laguna/SC casou-se
com Ana
Maria da Silva, n. 21/10/1779, Porto Alegre/RS, filha de Bartolomeu
Antônio (n. cerca de 1745 na freg. de N. Sra. das Neves, ilha de São Jorge,
Açores; casado a 1º/6/1761 em Rio Grande/RS) e de Eusébia Maria da Silva (bat.
12/3/1749, Rio Grande/RS), neta paterna de Jorge Teixeira de Melo e Catarina
Machado e, materna, do soldado dragão Francisco da Silva Coutinho (n. Santiago
de Inhaúma/RJ – filho de Antônio da Silva Cardoso e Maria de Souza) e de Maria
da Ascenção (n. Colônia do Sacramento, Uruguai – filha de Francisco de Seixas,
n. Cima do Douro, Portugal, e de Maria dos Ramos, n. São João de Mereti/RJ).
Florêncio e esposa residiam na Capela de Sant´ana do Rio dos Sinos ou
Capela de Santana (Capela Azevedo), onde tinha lavouras. Em 1831, por ocasião
do casamento de Maria das Dores Gago da Câmara, filha de Florêncio, com o primo
Serafim da Silva Câmara (AHCMPA, habilitação de casamento n.º 237, caixa 213),
foi mencionado que Florêncio ali residia, com lavouras, sendo pai de 13 filhos.
Apesar disso, encontramos apenas 10 filhos do casal Florêncio Antônio e Ana
Maria:
4.1 José da Silva Câmara, n. 10/08/1803, Porto Alegre.
4.2 Florêncio da Silva Câmara, n. 30/5/1805, bat. 12/6/1805, Porto Alegre.
4.2 Florêncio da Silva Câmara, n. 30/5/1805, bat. 12/6/1805, Porto Alegre.
4.3 Agostinho Rodrigues da Silva Câmara, n. 23/9/1808, bat. 08/10/1808, Gravataí. Casou-se com Silvéria Maria do Nascimento, n. RS, filha de Silvestre José de Ávila e Juliana Maria do Nascimento. Pais de:
5.1 Geralda da Câmara, n. 5/12/1855, Palmeira das Missões/RS.
5.1 Geralda da Câmara, n. 5/12/1855, Palmeira das Missões/RS.
4.4 João Antônio da Silva Câmara, n. 30/7/1809, bat. 23/8/1809, Gravataí. A 21/11/1835 em Capela de
Santana/RS casou-se com Leonor Constança do Nascimento, ali
nascida, filha de José Pio do Nascimento (n. 1785 e fal. 1º/11/1831 em Capela
de Santana) e de Ana Rosa de Souza. Pais, ao menos, de:
5.1 Narcisa Amália do
Nascimento, n. Capela de Santana/RS. Casou-se a 19/8/1888 em
Pareci Novo (reg. São Sebastião do Caí) com Bento Eufrásio Alves, n.
Ceará, filho de José Eufrásio Alves e Maria Francisca de Jesus.
4.5 Antônio da Silva Câmara, bat. 10/11/1810, Porto Alegre.
4.6 Leonarda Maria Gago da Câmara (neta), n. 23/11/1812, bat. 08/12/1812, Gravataí. Casou-se a 7/10/1837
em Capela de Santana com Florêncio Leite de Oliveira, n.
15/3/1795, bat. 16/4/1795, Triunfo/RS, filho de Luiz Leite de Oliveira e Teresa
Francisca Lagoa, neto paterno de José Leite de Oliveira e Fabiana de Ornelas
(esta filha de Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos e de Lucrécia Leme
Barbosa). Pais de:
5.1 Ana, n. 21/9/1838, bat. 28/9/1838, Porto Alegre, onde fal. 05/12/1839.
5.2 Ana Maria Leite, bat. 19/7/1840, Porto Alegre. Casou-se com Desidério Inácio Nunes,
filho de Manuel Inácio de Souza e Maria Nunes Vieira. Pais de:
6.1 Adelaíde Nunes, n.
10/10/1883, bat. 12/01/1884, São Leopoldo.
6.2 Maria das Dores de Oliveira Nunes, n. Capela de Santana, onde casou a 10/3/1877 com seu tio Antônio
Leite de Oliveira, abaixo citados.
5.3 Maria Leite de Oliveira, n. 10/6/1842, bat. 10/7/1842, Capela de Santana.
5.4 Florêncio Leite de
Oliveira, n. 4/4/1844, bat. 24/4/1844, Capela de Santana.
5.5 Leonarda Leite de
Oliveira, bat. 18/7/1846, com 3 meses, em São Leopoldo. Casou
a 28/2/1876 em Capela de Santana com Fortunato Rodrigues da Rosa, ali
nascido, filho de Fortunato Rodrigues da Rosa e Maria Bernardina Ferraz de
Abreu.
5.6 Maria Leite de Oliveira, n. 22/07/1849, bat. 10/01/1850, Rio Pardo/RS. A 23/7/1864 em Capela de
Santana casou-se com Manuel Jacinto Nunes, filho de
Manuel Inácio de Souza e Maria Nunes Vieira.
5.7 José Leite de Oliveira
Câmara, n. 1º/5/1851, bat. 13/10/1851, Porto Alegre.
Casou-se a 20/7/1889 em Capela de Santana com Maria Antônia da Silva,
filha de Antônio Inácio da Silva e Francisca Paulina de Oliveira.
5.8 Antônio Leite de
Oliveira, n. 5/2/1855, bat. 3/3/1855, Capela de Santana, onde
casou a 10/3/1877 com sua sobrinha Maria das Dores de Oliveira Nunes,
ali nascida, filha de Desidério Inácio Nunes e Ana Maria Leite, acima citados.
4.7 Ana Maria das Dores, bat. 11/01/1817, Capela de Santana.
4.8 Mariano da Silva Câmara, n. 15/11/1818, bat. 9/12/1818, Capela de Santana. Casou-se a 19/2/1841
em Rio Pardo/RS com Maria Carolina da Silva Borges, n. Rio Pardo, filha de
Alexandre José Borges (n. Rio Pardo, onde se casou a 12/8/1811) e de Francisca
Mariana da Silva (n. 9/8/1796, bat. 21/8/1796, Rio Pardo), neta paterna de
Joaquim José Pereira Borges (n. freguesia de Santa Clara de Torrão, Porto,
Portugal e casado a 29/9/1784, Gravataí/RS) e de Plácida Maria de Jesus (n.
Gravataí, filha de Casemiro Pinto Bandeira ou da Silva Pinto e Maria Luciana de
Jesus) e, materna, de João da Silva Mariano (n. São José/SC) e de Rosa Maria da
Conceição (n. Viamão ou Gravataí/RS). Mariano e Maria Carolina foram pais de:
5.1 Mariano da Silva Câmara, n. Rio Pardo. Casou a 8/5/1871 em Porto Alegre com Carolina
de Jesus Severo, ali n., filha de João Antônio Severo e Fermina Maria
de Jesus.
5.2 Florêncio da Silva
Câmara, capitão, n. 27/12/1844, Soledade/RS e fal.
13/01/1902 em São Leopoldo. Em 1879 era tenente honorário do Exército. Foi
Prefeito de São Leopoldo de 1900 a 1902. Segundo escreveu Sonia Weber Cardoso
(São Leopoldo Antigo: A cidade brasileira de colonização alemã. Porto Alegre:
Suliani, 2007, pp. 100/101):
O senhor Florêncio da Silva Câmara era natural de Soledade e de lá veio
morar nesta cidade. Com grandes conhecimentos e cultura, quando aqui chegou,
foi nomeado tabelião e oficial do Registro de Imóveis, cargo este que ocupou
até 1902, quando faleceu. Chegou, também, no alto posto de intendente
municipal. Foi o primeiro prefeito eleito da cidade de São Leopoldo, pois, até
então, os intendentes eram nomeados. Sua eleição deu-se a 7 de setembro de
1900. Por essa época foi criado o município. Não completou seu mandado político
por falecer em 13 de janeiro de 1902.
Florêncio casou-se com Adelaide Ortiz Muniz, n. 6/1/1857,
Soledade/RS e fal. 24/11/1909, São Leopoldo, filha de Manuel Muniz Simões
Pereira (n. 9/7/1815, Rio Pardo) e Joaquina Brandina de Araújo, neta paterna de
Antônio Bento Pereira Soares e Maria Manuela da Câmara[i] (casados
a 25/08/1811 em Curitiba/PR) e, materna, de Olívio (?) Araújo Ortiz e Maria.
Foram encontrados 6 filhos de Florêncio e Adelaide:
6.1 José Simeão Câmara, n. 14/7/1877 em Soledade/RS, batizado a 3/5/1879 na igreja de N. Sra.
das Dores em Porto Alegre/RS e fal. 13/10/1930 em São Leopoldo. Sucedeu a seu
pai na função de notário e oficial do registro de Imóveis de São Leopoldo. Foi
casado com d. Helena Georgina Müzell, ali nascida a 9/11/1879 e fal. 9/5/1929
– cuja ascendência e descendência foi tratada neste blog na família Müzell,
vide: http://pufal.blogspot.com.br/2011/09/alemaes-no-rs-os-muzell.html.
6.2 Marcolino Câmara, n.
24/7/1880, bat. 6/10/1880, Porto Alegre.
Helena Georgina Müzell e José Simeão Câmara Fotografia do acervo de Maria Helena Schmitt Müssnich |
6.3 Maurício Câmara.
6.4 Elfrida Adelaide Câmara, n. Soledade/RS. A 16/12/1897 em São Leopoldo casou-se com o almirante Guilherme
Hoffmann Filho, ali nascido, filho de Wilhelm Hoffmann e Maria Theresa
Kornemann, ambos alemães. Em 1897 Guilherme residia no Rio de Janeiro.
6.5 Eugênia Josefina Câmara, casou-se a 30/4/1912 em São Leopoldo com Jovelino Carlos da Silveira,
residente em Sapucaia do Sul, filho de Carlos Antônio da Silveira e Bernardina
Maria Gomes.
6.6 Osório Manuel Câmara.
5.3 Antônio Manuel da Silva
Câmara, n. Rio Grande do Sul. A 16/11/1885 em Porto Alegre,
na Igreja de N. Sra. do Rosário, casou-se com Francelina Ribeiro, filha
de Antônio Inácio Ribeiro e Maria José.
4.9 Manuel da Silva Câmara, bat. 15/11/1820, com 20 dias, Capela de Santana/RS.
4.10 Maria das Dores Gago da Câmara, n. 18/10/1814, bat. 8/11/1814, Gravataí/RS. Casou-se na Capela de
Santana a 14/3/1831 com seu primo Serafim Eloy da Silva Câmara, n.
Salvador, BA, filho de Antônio Francisco Flores e Ana Maria Gago da Câmara,
abaixo tratados.
4.11 Joaquim da Silva Câmara, bat. 14/7/1822, Capela de Santana.
3.7 Agostinho José da Silva, n. Cananeia/SP. Casou-se com Ana Cláudia Margarida, n. 1784 na
freguesia de Santa Luzia da Ilha Terceira, Açores e fal. 29/3/1844, Porto
Alegre/RS, filha de Felipe José de Lima e Luísa Rosa de Viterbo, ambos da ilha
Terceira. Pais, ao menos, de:
4.1 Maria, n. 03/6/1804, Porto Alegre.
42. Agostinho Eloy da Silva Câmara, n. 30/3/1809, bat. 25/04/1809, Porto Alegre, onde se casou a 23/1/1833 com Maria Fausta de Menezes, filha de Felisberto José Pinto e Rosaura Joaquina de Menezes.
42. Agostinho Eloy da Silva Câmara, n. 30/3/1809, bat. 25/04/1809, Porto Alegre, onde se casou a 23/1/1833 com Maria Fausta de Menezes, filha de Felisberto José Pinto e Rosaura Joaquina de Menezes.
2.4 Antônia Inácia Gago da
Câmara, n. 1750, Cananeia/SP.
Casou-se com Antônio Xavier da Silva, pais de:
3.1 Ana Maria Gago da
Câmara, talvez nascida em
Cananeia/SP, mas estabelecida em Salvador, na Bahia, onde possivelmente tenha
casado com Antônio Francisco Flores, gerando, ao menos:
4.1 Serafim Eloy da Silva
Câmara, n. Salvador/BA, cerca de
1810. Sabemos, por sua habilitação de casamento (ACHMPA: proc. 237/1831, caixa
231), que em 1829/1830 Serafim já estava no Rio Grande do Sul, vivendo na casa
de seu primo Florêncio Antônio, onde vivia de suas lavouras. Por ocasião da
justificação para casar, Serafim disse viver “em casa dos pais da oradora há um ano e desta resultou afeição”,
cujo ato se realizou a 14/3/1831 em Capela de Santana/RS com sua prima terceira
Maria
das Dores Gago da Câmara, acima citada. Deste casamento encontramos os
filhos:
5.1
Manuela Câmara, n. 1832, Capela de
Santana, onde fal. 10/8/1832.
5.2 Antônio Eloy da Silva Câmara, bat. 10/3/1833, Rio Pardo/RS e fal. Venâncio Aires/RS.
Casou a 21/3/1857 em Rio Pardo com Ricarda
Maria, n. 2/7/1836, Rio Pardo, filha de Ricardo Antônio Dutra e Maria
Madalena da Silva. Pais de:
6.1 Elvira da Silva Câmara, n. 11/2/1858, Rio Pardo/RS.
6.2 Serafim da Silva Câmara, bat. 18/5/1861, Rio Pardo/RS.
6.3 Felinto Eloy da Silva Câmara, n. 13/1/1863, Rio Pardo/RS.
6.4 Antônio Eloy Câmara, n. 27/5/1864, Rio Pardo/RS.
6.5 Ernestina da Silva Câmara, n. 28/2/1865, Santa Cruz do Sul/RS.
6.6 Eloy da Silva Câmara, n. 1866, Venâncio Aires/RS.
6.7 Etelvina da Silva Câmara, n. 6/9/1867, Rio Pardo/RS.
6.8 Eponina da Silva Câmara, n. 9/1/1872, Santa Cruz do Sul/RS.
6.9 Emília da Silva Câmara, n. 6/8/1874, Santa Cruz do Sul/RS.
6.1 Ricardo da Silva Câmara, n. 23/2/1873, Santo Amaro/RS.
2.5 Joana Rosa Gago da
Câmara, n. Cananeía/SP, onde se
casou com Francisco Xavier Gomes, n. 1732, filho de João Gomes Mendes (n.
1695, Ilha Terceira) e neto de Manuel Gomes, escrivão da Junta da Comarca da
Ilha Terceira. Pais de:
3.1 Simplício Gago da
Câmara
3.2 Gil Gago da Câmara, n. 26/7/1771, Cananeia/SP. Casou em São Pedro
da Ponta Delgada, Açores, com Branca Guilhermina do Canto,
deixando descendência nos Açores.
2.6 Francisca Gago da
Câmara, n. 1768, Cananeia/SP,
onde se casou com João Miguel de Amorim, deixando ali descendência.
2.7 Luísa Bárbara Gago da
Câmara, n. Cananeia/SP. Casou-se
com o alferes João Rodrigues de Freitas, ali nascido, onde deixou
descendência.
ARQUIVOS CONSULTADOS:
Arquivo
Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre (AHCMPA): livros de batismos,
casamentos e óbitos de Porto Alegre, Viamão, Gravataí, São Sebastião do Caí,
Triunfo, São Leopoldo e Capela de Santana; habilitações de casamento.
Arquivos pessoais de Maria Helena Schmitt
Müssnich e Wagner Ramos.
Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APRS):
inventários de Porto Alegre.
Arquivo Ultramarino (Lisboa): lista de
Auxiliares de Cananeia.
Centro
Histórico-Cultural da Santa Casa de Porto Alegre (CHC): livro de Entrada de
Irmãos n.º 1.
LIVROS e SITES CONSULTADOS:
Anuário
Genealógico Latino de Salvador da Moya
CARDOSO, Sonia Weber. São Leopoldo Antigo: A cidade brasileira de colonização alemã.
Porto Alegre: Suliani, 2007.
DOMINGUES,
Moacyr. Famílias Lagunenses. Edição
do Autor.
FRANCO,
Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia
Histórico. Porto Alegre: UFRGS, 3. ed., 1998.
MENDES,
Antônio Ornelas & FORJAZ, Jorge. Genealogias
da Ilha Terceira. Lisboa:
DisLivro Histórica, 2007.
Projeto Compartilhar. Coordenação
de Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira - www.projetocompartilhar.org
RHEINGANTZ, Carlos G. Anais do Simpósio Comemorativo do Bicentenário da Restauração do Rio
Grande (1776-1976). RJ: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1979.
[i]
Maria Manuela da Câmara nasceu em meados de 1795 em Curitiba/PR, filha
de João Francisco Corrêa (n. freguesia da Piedade, ilha do Pico, Açores e
casado a 21/2/1773 em Curitiba/PR) e de Ana Maria da Luz (n. Curitiba/PR), neta
paterna de Manuel Corrêa de Ávila e Catarina de São Francisco e, materna, de
Mateus Corrêa Simões (n. Santo Antônio, Porto, Portugal e casado em 1755 em
Curitiba/PR) e de Maria Muniz da Câmara (n. 10/7/1739 em Curitiba/PR). Esta
Maria Manuela da Câmara, por sua vez, foi filha do sargento-mor Simão Gonçalves
de Andrade (n. na freguesia de Santa Maria Maior, Funchal, ilha da Madeira e
fal. 1789 em Curitiba/PR, onde casou a 15/7/1738) e de Escolástica Soares do
Valle), neta paterna de Simão Gonçalves de Andrade e de Clara Muniz da Câmara,
a qual acreditamos seja do mesmo ramo dos Gago da Câmara.
Gostei da sua pesquisa, também pesquiso a minha, descendo da familia Fuschine.O que deu origem a minha família aqui em Cananéia foi José Maria Fuschine que era filho de Arcangelo Anibal Fuschine que foi um pintor famoso em Portugal.Como conseguiu ter acesso ao arquivo Ultramarino(Lisboa): Lista de auxiliares de Cananeia??
ResponderExcluirNo livro de Antonio Paulino de Almeida, Memoria historica de Cananéia também fala sobre a família Gago da Câmara.
ResponderExcluirOlá, as listas de Cananeia podem ser consultadas no site do Arquivo Público de SP, em: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/acervo/repositorio_digital/macos_populacao
ResponderExcluirPergunto se consta algum acréscimo à genealogia dos Gago da Câmara no livro de Antonio Paulino de Almeida?
Grato, Diego.
Antônio José Telles de Menezes e Gertrudes Maria foram pais de 15 filhos, sendo que apenas foram identificados 14, dos quais oito já eram falecidos em 1855.
ResponderExcluirUma que não está na Lista é
Victoria
Nascida 15 Maio 1804
Batizada
27 Maio 1804
Nossa Senhora Madre de Deus, Porto Alegre
Obrigado Wagner pelo acréscimo, que incluirei no blog. Abraço!
ResponderExcluirOlá Diego, gostaria de saber se tens registro da Família Câmara na cidade de São Sepé, São Gabriel ou Caçapava? Parece que a história é a seguinte que o bisavô ficou viúvo e do primeiro casamento teve 7 filhos e no segundo relacionamento teve 6 filhos. Parece que uma das esposas era escrava (ou ex), provavelmente a 2ª. Os 13 filhos foram registrados.Aguardo resposta. Grata pela atenção.
ResponderExcluirOlá! Terias os nomes e datas aproximadas destes Câmara de São Gabriel, Caçapava ou São Sepé?
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ResponderExcluirCaso deseje ter o assento de óbito de Rui Gago da Câmara (02/08/1616), siga o link, 2° assento da pág. da esquerda.
ResponderExcluirhttp://culturacores.azores.gov.pt/biblioteca_digital/SMG-RG-ESTRELA-O-1603-1634/SMG-RG-ESTRELA-O-1603-1634_item1/P61.html
Carlos Oliveira
PS. desculpe os erros nos 2 comentários precedentes.
Obrigado Carlos pelo acréscimo, vou verificar.
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