sábado, 19 de setembro de 2009

Os 170 anos do assassinato dos irmãos Juca Leão e Chico Leão

Os 170 anos do assassinato dos irmãos
Juca e Chico Leão
(1839/2009)
No ano passado por ocasião dos 169 anos do assassinato dos irmãos Juca (José Manuel de Leão) e Chico Leão (Francisco José de Leão), veiculei o seguinte artigo:
"O dia 18 de setembro de 2008 marca os 169 anos do falecimento dos irmãos Francisco José de Leão (Chico Leão) e José Manuel de Leão (Juca Leão), assassinados pelo Barão do Jacuí, Francisco Pedro de Abreu, na madrugada do dia 18-09-1839, em plena Revolução Farroupilha. Chico e Juca Leão nasceram, respectivamente, em 01-02-1787 e 03-07-1788 em Laguna em Santa Catarina e eram filhos do tenente-coronel Manuel José de Leão e de Antônia Maria de Jesus.
Pelo ano de 1801 mudaram-se com os pais e irmãos para o Rio Grande do Sul, estabelecendo-se na região de São Jerônimo, onde o patriarca, Manuel José, era proprietário de uma charqueada no Arroio dos Ratos e uma ilha defronte a ela, denominada ilha da Paciência. Os filhos seguiram a profissão do pai, além de criadores, foram prósperos comerciantes e charqueadores da região, tanto que, segundo alguns, o nome do atual município de Charqueadas originou-se da charqueada ali mantida por José Manuel de Leão, cuja sesmaria teria sido concedida no ano de 1816.
Com o início da Revolução Farroupilha, Juca Leão foi designado Coronel da Legião de Triunfo (em 1831), conforme referiu Aurélio Porto (in Processo dos Farrapos. Arquivo Nacional, vol. I, pág. 402), cuja atuação foi descrita pelo Dr. Sebastião Leão (Coruja Filho) (neto de Juca Leão) (in Datas Rio-Grandenses, publicada pela Secretaria de Educação e Cultura, Porto Alegre: Livraria do Globo, 1962, p. 293):
"Em um diário de 1839, publicado no Anuário do Dr. Graciano de 1885, lê-se: `A expedição de cavalaria atacou a charqueada de Juca Leão e, depois de matar a este e seu irmão Chico e outros, surpreendeu uma guarda daquele, dos quais matou cinco e aprisionou oito, e apreendeu 100 cavalos e algum gado`.Em uma nota, diz o cronista do Diário:`Juca Leão era pai do conhecido negociante de Porto Alegre José Manoel de Leão`.`Comandavam a expedição legalista o Barão do Jacuí.O velho Coronel José Manoel de Leão, amigo dedicado de Bento Gonçalves e David Canabarro, como tantos outros chefes republicanos, sacrificou toda a sua fortuna e a sua vida pela causa nobre da liberdade.Declarada a revolução, Juca Leão, então abastado charqueador em São Jerônimo, deu liberdade a mais de 100 escravos e com eles organizou uma força vestida e armada à sua custa, que prestou valiosos serviços na defesa da instituição republicana`.O Coronel Juca Leão era avô do médico Sebastião Leão.O escritor destas linhas foi criado ouvindo narrar os feitos de Juca Leão, que, sacrificando-se pela defesa de seu ideal político, apenas legou aos seus descendentes um nome honrado.O seu único filho varão, o finado negociante tenente-coronel José Manoel de Leão, possuía alguns documentos importantes sobre a Revolução, encontrados nos papéis de seu progenitor.Em uma época em que se manifestou no Rio Grande do Sul uma epidemia de escritores sobre a Revolução de 35, esses documentos foram emprestados e até hoje ignora-se o seu destino.Razões de ordem particular impossibilitam-me de narrar com detalhes o episódio da morte do Coronel Juca Leão e de seu valente irmão Chico.Outros cronistas poderão aproveitar o fato, que constitui uma das mais extraordinárias páginas dessa epopéia glorioso que se chama a Revolução do Rio Grande.”Segundo contam os descendentes de Juca Leão, o Barão do Jacuí teria assassinado a sangue frio os irmãos Leão em uma emboscada na madrugada do dia 18-09-1839. Após praticar o ato, fez questão de levar à viúva e à filha pequena de José Manuel o seu poncho todo ensangüentado, inquirindo-as se sabiam a quem pertencia, tendo depois exposto o seu cadáver. Deste ataque ainda decorreram outras mortes, além de “confiscados” animais e pertences outros da charqueada de Juca.
A participação na Revolução Farroupilha da família Leão, embora não revelada nos livros que tratam da matéria, foi um tanto quanto significativa, não só em razão do acima narrado, mas também em virtude das cartas existentes no Arquivo Histórico do Estado do Rio Grande do Sul (em grande parte publicadas nos seus Anais), das quais se extrai o contato direto de José Manuel de Leão com os principais líderes revolucionários, David Canabarro, Bento Gonçalves da Silva, Domingos José de Almeida, Antônio Vicente da Fontoura e outros, bem assim o impacto e a revolta de sua morte dentre os seus pares.
José Manuel de Leão foi casado com Ana Ferreira da Silva, nascida em 23-11-1794 em Porto Alegre e falecida a 19-01-1866 em São Jerônimo, filha de João Ferreira da Silva e Maria Isabel de Azevedo, com quem teve uma única filha chamada Maria Antônia Socorro de Leão, nascida em 13-07-1814 em Porto Alegre e casada em 1846 com Antônio Joaquim Dorneles e Souza, dos quais descendem as famílias Dornelles, Dornelles de Abreu, Prates Dornelles e Dornelles Rebello da região de São Jerônimo, Triunfo, Arroio dos Ratos e região. Juca Leão teve ainda com Mafalda Rita de Jesus mais dois filhos naturais: Maria José de Leão (c/c Francisco Caetano Soares) e José Manuel de Leão, nascido em 12-05-1832 em Triunfo e casado com Maria Emília Carvalho e Souza (nascida a 17-09-1842, Porto Alegre, filha natural de Manuel Joaquim de Carvalho e Souza e Joaquina Flora da Costa), com quem teve dez filhos, com descendência em Porto Alegre; são eles: o Dr. Sebastião Afonso de Leão, acima citado e reconhecido médico, Maria de Leão, Antônio Afonso de Leão, Pedro Afonso de Leão, Tancredo Afonso de Leão, Lucilia de Leão, Ramiro Afonso de Leão, Fernando Afonso de Leão, Branca e Antonieta de Leão.Francisco José de Leão também foi casado, tendo gerado dezesseis filhos. Foram irmãos também de Juca e Chico Leão: Manuel José de Leão, casado com Clara Fausta de Carvalho e pai de quatorze filhos, e Salvador José de Leão, casado com Antônia Luiza de Lima e pai de seis filhos, dentre eles: João Antônio de Leão (meu tetravô).Hoje os descendentes dos quatro irmãos Leão encontram-se espalhados por todo o Rio Grande do Sul, notadamente em Porto Alegre, São Jerônimo, Triunfo, Arroio dos Ratos, bem assim em Cachoeira do Sul, Pelotas e São Gabriel.

2 comentários:

  1. Importante resgate histórico da memória dos irmãos Leão, que empenharam-se verdadeiramente pelos ideais republicanos. Parabéns!
    Bolívar Leão - Guaíba/RS

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  2. Obrigado Bolívar! Acho que passei à Miriam um último artigo da família Leão, bem mais completo. Querendo, me mande um e-mail que repasso (diegopufal@gmail.com).

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