O Comendador JOSÉ ANTÔNIO DE AZEVEDO
- de Minas Gerais para o Rio Grande: um pouco de sua história e genealogia -
(à amiga e prima Suzana Dihl)
(à amiga e prima Suzana Dihl)
autoria de Diego de Leão Pufal
José Antônio de Azevedo nasceu no ano
de 1774 na freguesia de Campanha da Princesa em Minas Gerais, era filho de João
Antônio de Azevedo (natural da freguesia de Vila Chã do Monte, Vizeu, Portugal
e falecido por volta de 1805 na Campanha da Princesa/MG) e de Inácia Antônia da
Silveira (natural de São João de El-Rei/MG), neto pelo lado paterno de
Francisco de Azevedo (n. freg. de Vila do Chã e filho de Domingos Fernandes e
Domingas de Azevedo) e de Maria Antônia Lourença (n. da mesma freg. do marido e
filha de João Lourenço e Maria João) e, pelo lado materno de Christóvão de
Faria (nat. de Alpiarça, Santarém, Portugal, casado em 19-02-1739 na freg. de
N. Sra. do Pilar/MG e filho de João de Faria e Maria Álvares) e de Esperança
Josefa da Silveira (nat. freg. de N. Sra. do Rosário da Vila Nova do Topo, ilha
de São Jorge, Açores e filha de Manuel Teixeira da Cunha e Maria do Rosário
Teixeira).
José Antônio foi forte comerciante e comendador,
tendo vindo para o Rio Grande do Sul por volta de 1800/1810, mas antes passado
pela Corte do Rio de Janeiro. Lá, conheceu D. Ana Maria de Jesus, cuja filiação
se desconhece, com quem não casou, apenas teve com ela as filhas naturais:
Emerenciana Antônia de Azevedo e Teresa Antônia de Azevedo.
Em 15 de outubro de 1825 José Antônio ingressou
como irmão da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, tendo sido o 73 irmão
na ordem dos 200 primeiros, cujo "posto" era privilégio da
aristocracia gaúcha. Por ocasião de seu juramento perante a Mesa da Santa Casa,
assim fez constar o registro respectivo: "No mesmo dia, mês e anno
e Cidade retro declarado entrou de Irmam da Santa Caza desta Cid., digo de
Irmam da Santa Caza de Mizericordia desta Cidade, o Snr. Capitam Jozé Antonio
de Azevedo, solteiro, de idade de 51 annos, natural da Villa da Campanha da
Princesa na Província de Minas Geraes do Imperio do Brazil, Filho Filho
legitimo de Joam Antonio de Azevedo e D. Ignacia Antonia da Silveira, aquelle
natural de Portugal, esta da mesma villa da Campanha da Princesa. Neto pela
parte materna de Cristovão de tal, e Esperança Josefa da Silveira, e pela parte
paterna ignora os nomes de seus avós, por ter sahido da dita sua Patria de
tenra idade. Declarou o mesmo irmão viver do seu negócio e dos rendimentos
dessas fazendas ...". (Fonte: livro 1 da Irmandade da Santa Casa,
pp. 8 verso/9, n. 73, CHC Santa Casa).
Pelo que as pesquisas apontam, o Comendador José
Antônio de Azevedo foi muito bem sucedido comerciante, muito provavelmente em
razão do tráfico de escravos que exercia. E isso se constata facilmente de seu
inventário, no qual arrolados como bens, além de outros, exatos 132 (cento e
trinta e dois) escravos, além dos seguintes:
- uma casa com dois sobrados e cinco portas na frente situada em
frente da Praça da Alfândega (em Porto Alegre);
- outro sobrado com três portas na frente, defronte a mesma praça;
- uma dita térrea na Rua da Bragança, com uma porta e duas
janelas, fundos para a Rua do Rosário;
- uma dita térrea no largo do Paraíso;- um terreno na rua
da Ponte, dividida por um lado com casa de José Antônio Machado Ourique;
- um terreno na rua da Praia;
- um dito no Riacho;
- um dito na Rua da Bragança;
- uma chácara com uma casa de morar e arvoredos em São Domingos da
Vila Real da Praia Grande, Rio de Janeiro;
- uma sesmaria de meia légua quadrada nas margens do Rio Paraíba,
na parage de São João do Mar de Espanha, freguesia de Inhomirim Serra acima, no
caminho de Minas (MG), na província do RJ, indevidamente na partilha de
Maximiano Antônio de Azevedo;
- umas terras na ilha da Ponta Rosa, no Rio Guaíba;
- terras e águas minerais, terras de cultura e campos de criar, e
partes em diversas casas que coube ao falecido por herança de seus pais e seu
irmão Faustino José de Azevedo, em MG;
- uma fazenda de cultura denominada N. Sra. da Conceição com um
potreiro intitulado do Fraga, com animas, alambiques, casas, senzala, moinho de
água, atafona; - uma chácara sita na margem do Rio Gravataí com casas de morar,
olaria, forno, senzala, animais;
- uma estância denominada de São José de "Corral' de Pedras,
sita entre o Rio Santa Maria e Ibicuí, em Cachoeira, com animais (é a conhecida
Fazenda de Curral de Pedras no Rio Grande do Sul);
- outra dita denominada
Grapuá ou Erapuá, em Cachoeira, com animais.
O inventário foi autuado em 15 de janeiro de
1833, alguns anos depois da morte de José Antônio, que se deu em 10 de junho de
1830, quando contava 57 anos de idade, tendo sido sepultado no cemitério da
Catedral de Porto Alegre. As únicas herdeiras foram as filhas Emerenciana e
Teresa Antônia, tendo sido a partilha feita de modo amigável.
A primeira filha, Teresa Antônia de Azevedo
nasceu por volta de 1807 em Porto Alegre, onde se casou a 13 de agosto de 1828
com José Luiz de Azevedo, tendo sido "dispensados do impedimento no
segundo grau igual e terceiro desigual por linhas colaterais". José
Luiz nasceu em 1799 na Campanha da Princesa ou na freg. de Santo Antônio do
Valle/MG, filho de Luiz Antônio de Azevedo (tio de José Antônio de Azevedo, eis
que irmão de João Antônio de Azevedo) e de Ana Josefa Dias da Silveira, neto
materno de Domingos Dias Chaves e de Inácia Antônia da Silveira (esta mãe do
comendador José Antônio da Silveira). Do casamento de Teresa e José Luiz houve:
José, Luiz, Ana, Maria, Teresa e Josefa de Azevedo, nascidas em Porto Alegre.
Assim como seu cunhado e sogro, José Luiz também
ingressou na Irmandade da Santa Casa em 14 de março de 1841, quando declarou
ser natural de Minas Gerais, de profissão proprietário e fazendeiro, filho de
Luiz Antônio de Azevedo e Ana Josefa Dias da Silveiera, 42 anos, c/c Teresa
Antônia de Azevedo, n. RS, com 34 anos. (Fonte: livro 1 de Irmãos, p.
131v, n. 279 - CHC Santa Casa).
A segunda filha, Emerenciana Antônia de Azevedo,
nasceu por volta de 1810 na Corte do Rio de Janeiro e faleceu em Porto Alegre a
22 de setembro de 1858. Aqui também se casou com o Capitão Manuel Faustino José
Martins, natural da mesma vila do Chã, Vizeu, Portugal, onde nasceu por volta
de 1799 e faleceu em 1856 em Porto Alegre, sendo filho de Custódio José Martins
e Ana Maria Simões.
A respeito do capitão Manuel Faustino José
Martins, descobriu-se no site do Arquivo Nacional ("Movimentação de
Portugueses no Brasil - 1808-1842") as informações seguintes: Manuel
Faustino José Martins, estatura ordinária, rosto comprido, barba bastante,
sobrancelhas delgadas, naturalidade: Porto, 31 anos; destino: Rio Grande, por
Santa Catarina, data do registro: 15/11/1821, códice 422, vol. 3- p. 216: Obs:
acompanhado de sua mulher Emerenciana Pulquéria de Azevedo. Além disso, assim
como seu sogro, o Capitão Manuel Faustino José Martins também foi irmão da
Santa Casa de Porto Alegre, ingressando em 16 de novembro de 1831, quando
declarou sua naturalidade, filiação, assim como de sua esposa, contava com mais
de 40 anos e vivia de seus negócios. (Fonte: livro 1 de Irmãos da Santa
Casa, p. 76, CHC da Santa Casa)
Sete foram os filhos do Cap. Manuel Faustino
José Martins e Emerenciana Antônia de Azevedo, os quais deixaram larga e
conhecida descendência. Seguem-se seus nomes:
1. Ana de Azevedo Martins, nascida
em 08-10-1823 em Porto Alegre e falecida em 29-12-1886 na Estância do Curral de
Pedra em Rosário do Sul. Foi casada com o seu primo José Luiz Cardoso de
Salles, mais tarde Barão do Irapuã, nascido em 1815 na Campanha da Princesa/MG
e falecido a 29-04-1888 no Rio de Janeiro, filho do Cap. Antônio Luís Cardoso e
Escolástica Vitória Rodrigues da Silveira.
2. Dionísio de Azevedo Martins,
nascido em 02-09-1831 em Porto Alegre, onde casou-se a 28-07-1856 com Ana
Gonçalves Pires, filha de Eduardo Pires da Silveira Casado e de Maria Helena
Gonçalves da Silva. Deste casal houve cinco filhos: Philomena Pires Martins
(c/c Arnond Gauland), Eduardo Pires Martins (c/c Francisca Ataliba Gonçalves
Pires), Dionísio Pires Martins (c/c Carlota Salazar de Andrade), José Pires
Martins (c/c Mercedes de Oliveira Lessa) e Maria da Glória Pires Martins (c/c
Antônio Joaquim Gonçalves Pires e, depois, com Júlio Pereira de Faria).
3. Manuel de Azevedo Martins,
nascido a 07-11-1834 em Porto Alegre, onde faleceu no mesmo ano.
4. Lucinda de Azevedo Martins, nascida
em 1841 na freg. de São João do Rio de Janeiro/RJ, e falecida em 27-04-1897 em
Porto Alegre, onde casou-se em 24-07-1856 com Antônio Rodrigues de Carvalho,
natural de Baependi, MG, e pais de Antônio Rodrigues de Carvalho Júnior (que dá
nome à rua Antônio de Carvalho em Porto Alegre, e avó, por sua vez, de Sarah
Carvalho c/c Glauco Laureano Brasil, meus tios avós).
5. Mariana de Azevedo Martins, em
1858 era viúva.
6. Emerenciana de Azevedo Martins casada
com Bento José de Lima.
7. José Antônio de Azevedo Martins casado
com Sabina Ribeiro Martins de Lima.
Fontes:
- Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre (AHCMPA);
- Arquivo Nacional do Rio de Janeiro;
- Arquivo particular de Jorge Godofredo Felizardo (AHCMPA);
- Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APRS);
- Centro Histórico Cultural Santa Casa de Porto Alegre (CHC);
- Arquivo pessoal de Marta Amato (in Povoadores dos Caminhos do Ouro, vol. II - SP), Sílvia Bruttos (Gen-Minas), Maria Ângela Lagoa (Gen-Minas), João Simões Lopes Filho (RJ) e Suzana Dihl.
- Arquivo particular de Jorge Godofredo Felizardo (AHCMPA);
- Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APRS);
- Centro Histórico Cultural Santa Casa de Porto Alegre (CHC);
- Arquivo pessoal de Marta Amato (in Povoadores dos Caminhos do Ouro, vol. II - SP), Sílvia Bruttos (Gen-Minas), Maria Ângela Lagoa (Gen-Minas), João Simões Lopes Filho (RJ) e Suzana Dihl.