quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Comendador José Antônio de Azevedo (de Minas Gerais para o Rio Grande)

O Comendador JOSÉ ANTÔNIO DE AZEVEDO
- de Minas Gerais para o Rio Grande: um pouco de sua história e genealogia -
(à amiga e prima Suzana Dihl)

autoria de Diego de Leão Pufal

José Antônio de Azevedo nasceu no ano de 1774 na freguesia de Campanha da Princesa em Minas Gerais, era filho de João Antônio de Azevedo (natural da freguesia de Vila Chã do Monte, Vizeu, Portugal e falecido por volta de 1805 na Campanha da Princesa/MG) e de Inácia Antônia da Silveira (natural de São João de El-Rei/MG), neto pelo lado paterno de Francisco de Azevedo (n. freg. de Vila do Chã e filho de Domingos Fernandes e Domingas de Azevedo) e de Maria Antônia Lourença (n. da mesma freg. do marido e filha de João Lourenço e Maria João) e, pelo lado materno de Christóvão de Faria (nat. de Alpiarça, Santarém, Portugal, casado em 19-02-1739 na freg. de N. Sra. do Pilar/MG e filho de João de Faria e Maria Álvares) e de Esperança Josefa da Silveira (nat. freg. de N. Sra. do Rosário da Vila Nova do Topo, ilha de São Jorge, Açores e filha de Manuel Teixeira da Cunha e Maria do Rosário Teixeira).
José Antônio foi forte comerciante e comendador, tendo vindo para o Rio Grande do Sul por volta de 1800/1810, mas antes passado pela Corte do Rio de Janeiro. Lá, conheceu D. Ana Maria de Jesus, cuja filiação se desconhece, com quem não casou, apenas teve com ela as filhas naturais: Emerenciana Antônia de Azevedo e Teresa Antônia de Azevedo.
Em 15 de outubro de 1825 José Antônio ingressou como irmão da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, tendo sido o 73 irmão na ordem dos 200 primeiros, cujo "posto" era privilégio da aristocracia gaúcha. Por ocasião de seu juramento perante a Mesa da Santa Casa, assim fez constar o registro respectivo: "No mesmo dia, mês e anno e Cidade retro declarado entrou de Irmam da Santa Caza desta Cid., digo de Irmam da Santa Caza de Mizericordia desta Cidade, o Snr. Capitam Jozé Antonio de Azevedo, solteiro, de idade de 51 annos, natural da Villa da Campanha da Princesa na Província de Minas Geraes do Imperio do Brazil, Filho Filho legitimo de Joam Antonio de Azevedo e D. Ignacia Antonia da Silveira, aquelle natural de Portugal, esta da mesma villa da Campanha da Princesa. Neto pela parte materna de Cristovão de tal, e Esperança Josefa da Silveira, e pela parte paterna ignora os nomes de seus avós, por ter sahido da dita sua Patria de tenra idade. Declarou o mesmo irmão viver do seu negócio e dos rendimentos dessas fazendas ...". (Fonte: livro 1 da Irmandade da Santa Casa, pp. 8 verso/9, n. 73, CHC Santa Casa).
Pelo que as pesquisas apontam, o Comendador José Antônio de Azevedo foi muito bem sucedido comerciante, muito provavelmente em razão do tráfico de escravos que exercia. E isso se constata facilmente de seu inventário, no qual arrolados como bens, além de outros, exatos 132 (cento e trinta e dois) escravos, além dos seguintes:
- uma casa com dois sobrados e cinco portas na frente situada em frente da Praça da Alfândega (em Porto Alegre);
- outro sobrado com três portas na frente, defronte a mesma praça;
- uma dita térrea na Rua da Bragança, com uma porta e duas janelas, fundos para a Rua do Rosário;
- uma dita térrea no largo do Paraíso;- um terreno na rua da Ponte, dividida por um lado com casa de José Antônio Machado Ourique;
- um terreno na rua da Praia;
- um dito no Riacho;
- um dito na Rua da Bragança;
- uma chácara com uma casa de morar e arvoredos em São Domingos da Vila Real da Praia Grande, Rio de Janeiro;
- uma sesmaria de meia légua quadrada nas margens do Rio Paraíba, na parage de São João do Mar de Espanha, freguesia de Inhomirim Serra acima, no caminho de Minas (MG), na província do RJ, indevidamente na partilha de Maximiano Antônio de Azevedo;
- umas terras na ilha da Ponta Rosa, no Rio Guaíba;
- terras e águas minerais, terras de cultura e campos de criar, e partes em diversas casas que coube ao falecido por herança de seus pais e seu irmão Faustino José de Azevedo, em MG;
- uma fazenda de cultura denominada N. Sra. da Conceição com um potreiro intitulado do Fraga, com animas, alambiques, casas, senzala, moinho de água, atafona; - uma chácara sita na margem do Rio Gravataí com casas de morar, olaria, forno, senzala, animais;
- uma estância denominada de São José de "Corral' de Pedras, sita entre o Rio Santa Maria e Ibicuí, em Cachoeira, com animais (é a conhecida Fazenda de Curral de Pedras no Rio Grande do Sul);
 - outra dita denominada Grapuá ou Erapuá, em Cachoeira, com animais.
O inventário foi autuado em 15 de janeiro de 1833, alguns anos depois da morte de José Antônio, que se deu em 10 de junho de 1830, quando contava 57 anos de idade, tendo sido sepultado no cemitério da Catedral de Porto Alegre. As únicas herdeiras foram as filhas Emerenciana e Teresa Antônia, tendo sido a partilha feita de modo amigável.
A primeira filha, Teresa Antônia de Azevedo nasceu por volta de 1807 em Porto Alegre, onde se casou a 13 de agosto de 1828 com José Luiz de Azevedo, tendo sido "dispensados do impedimento no segundo grau igual e terceiro desigual por linhas colaterais". José Luiz nasceu em 1799 na Campanha da Princesa ou na freg. de Santo Antônio do Valle/MG, filho de Luiz Antônio de Azevedo (tio de José Antônio de Azevedo, eis que irmão de João Antônio de Azevedo) e de Ana Josefa Dias da Silveira, neto materno de Domingos Dias Chaves e de Inácia Antônia da Silveira (esta mãe do comendador José Antônio da Silveira). Do casamento de Teresa e José Luiz houve: José, Luiz, Ana, Maria, Teresa e Josefa de Azevedo, nascidas em Porto Alegre.
Assim como seu cunhado e sogro, José Luiz também ingressou na Irmandade da Santa Casa em 14 de março de 1841, quando declarou ser natural de Minas Gerais, de profissão proprietário e fazendeiro, filho de Luiz Antônio de Azevedo e Ana Josefa Dias da Silveiera, 42 anos, c/c Teresa Antônia de Azevedo, n. RS, com 34 anos. (Fonte: livro 1 de Irmãos, p. 131v, n. 279 - CHC Santa Casa).
A segunda filha, Emerenciana Antônia de Azevedo, nasceu por volta de 1810 na Corte do Rio de Janeiro e faleceu em Porto Alegre a 22 de setembro de 1858. Aqui também se casou com o Capitão Manuel Faustino José Martins, natural da mesma vila do Chã, Vizeu, Portugal, onde nasceu por volta de 1799 e faleceu em 1856 em Porto Alegre, sendo filho de Custódio José Martins e Ana Maria Simões.
A respeito do capitão Manuel Faustino José Martins, descobriu-se no site do Arquivo Nacional ("Movimentação de Portugueses no Brasil - 1808-1842") as informações seguintes: Manuel Faustino José Martins, estatura ordinária, rosto comprido, barba bastante, sobrancelhas delgadas, naturalidade: Porto, 31 anos; destino: Rio Grande, por Santa Catarina, data do registro: 15/11/1821, códice 422, vol. 3- p. 216: Obs: acompanhado de sua mulher Emerenciana Pulquéria de Azevedo. Além disso, assim como seu sogro, o Capitão Manuel Faustino José Martins também foi irmão da Santa Casa de Porto Alegre, ingressando em 16 de novembro de 1831, quando declarou sua naturalidade, filiação, assim como de sua esposa, contava com mais de 40 anos e vivia de seus negócios. (Fonte: livro 1 de Irmãos da Santa Casa, p. 76, CHC da Santa Casa)
Sete foram os filhos do Cap. Manuel Faustino José Martins e Emerenciana Antônia de Azevedo, os quais deixaram larga e conhecida descendência. Seguem-se seus nomes:
1. Ana de Azevedo Martins, nascida em 08-10-1823 em Porto Alegre e falecida em 29-12-1886 na Estância do Curral de Pedra em Rosário do Sul. Foi casada com o seu primo José Luiz Cardoso de Salles, mais tarde Barão do Irapuã, nascido em 1815 na Campanha da Princesa/MG e falecido a 29-04-1888 no Rio de Janeiro, filho do Cap. Antônio Luís Cardoso e Escolástica Vitória Rodrigues da Silveira.
2. Dionísio de Azevedo Martins, nascido em 02-09-1831 em Porto Alegre, onde casou-se a 28-07-1856 com Ana Gonçalves Pires, filha de Eduardo Pires da Silveira Casado e de Maria Helena Gonçalves da Silva. Deste casal houve cinco filhos: Philomena Pires Martins (c/c Arnond Gauland), Eduardo Pires Martins (c/c Francisca Ataliba Gonçalves Pires), Dionísio Pires Martins (c/c Carlota Salazar de Andrade), José Pires Martins (c/c Mercedes de Oliveira Lessa) e Maria da Glória Pires Martins (c/c Antônio Joaquim Gonçalves Pires e, depois, com Júlio Pereira de Faria).
3. Manuel de Azevedo Martins, nascido a 07-11-1834 em Porto Alegre, onde faleceu no mesmo ano.
4. Lucinda de Azevedo Martins, nascida em 1841 na freg. de São João do Rio de Janeiro/RJ, e falecida em 27-04-1897 em Porto Alegre, onde casou-se em 24-07-1856 com Antônio Rodrigues de Carvalho, natural de Baependi, MG, e pais de Antônio Rodrigues de Carvalho Júnior (que dá nome à rua Antônio de Carvalho em Porto Alegre, e avó, por sua vez, de Sarah Carvalho c/c Glauco Laureano Brasil, meus tios avós).
5. Mariana de Azevedo Martins, em 1858 era viúva.
6. Emerenciana de Azevedo Martins casada com Bento José de Lima.

7. José Antônio de Azevedo Martins casado com Sabina Ribeiro Martins de Lima.

Fontes:
- Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre (AHCMPA);
- Arquivo Nacional do Rio de Janeiro;
- Arquivo particular de Jorge Godofredo Felizardo (AHCMPA);
- Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APRS);
- Centro Histórico Cultural Santa Casa de Porto Alegre (CHC);
- Arquivo pessoal de Marta Amato (in Povoadores dos Caminhos do Ouro, vol. II - SP), Sílvia Bruttos (Gen-Minas), Maria Ângela Lagoa (Gen-Minas), João Simões Lopes Filho (RJ) e Suzana Dihl.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Poesias de Mário da Silva Brasil


Caridade



A noite era fria,
Lá fóra chovia
E o vento gemia
Em ancias de horror,
E quedo eu estava
Porque meditava
Porque contemplava
Da noite o negror.

Passado um momento
Rugia inda o vento
Com furia e no intento
De tudo arrazar;
Coriscos luziam,
Mil raios cahiam
E as nuvens corriam
Como ondas no mar.

Porem, de repente,
Rajada potente
Lançava, fremente,
Por terra e sem dó
Alguém, desgraçado,
Que o misero fado
Havia arrojado
No mundo tão só.

De garras tyrannas,
Crueis, deshumanas,
De furias insanas
O triste arranquei,
Fugindo aos castigos
Dos raios imigos,
E exposto aos perigos
Que muito affrontei,

Embora a temer
E exposto a soffrer.
Mas manda o dever
Aos pobres livrar
Dos males da vida
Cruel e renhida
Pra doce gurida
E amparo lhes dar.


Santa Maria, 11-12-1909.

domingo, 16 de novembro de 2008

Poesias de Mário da Silva Brasil

Vingança

Tormento infindo já me abala a mente
Cansado apenas pela magoa audaz
Que me apavora, sem me ser clemente,
A ingrata jovem que meus males traz!

E que tortura, que soffrer patente
Meus curtos dias num minuto faz!
Mas tu, ingrata, do amor meu descrente
Mais do que eu inda padecer irás!

Esta é a vingança que só espero um dia
Ver preparada pelas mãos de Deus,
Porque baixando a uma campa fria

Verei extinctos todos males meus;
Si embora goses a paz e alegria,
Teus males inda vir-te-ão dos céos.


Publicado em 13-06-1909, Jornal Popular.
***

A Natureza


No mundo existe um ser que nos domina,
Existe um ser, um ser puro e potente
Que a terra rege, e rege o mar fremente,
O mar airoso que a ninguém se inclina.

O sol doviado que nos illumina,
Os homens todos a esse ser ou ente
Devem sua origem, si dareis somente
Credito á Historia dessa mão divina.

Poder supremo que nos é invisível
Móra por certo nesses altos céos,
Mas a obra sua que nós é visivel

Crêr-nos faz nelle com real certeza;
Pois que o invisivel é o bondoso Deus
E o ser visivel se diz – Natureza!


Santa Maria, 25-07-1909, publicado no Jornal Popular.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Oficina de Genealogia: Noções básicas de Genealogia e Paleografia

Oficina de Genealogia: Noções básicas de Genealogia e Paleografia
O Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul - INGERS - em parceria com a Oficina das Origens realizará a: Oficina - Noções básicas de Genealogia e Paleografia, a fim de proporcionar elementos técnicos que auxiliem a coleta, leitura, análise e interpretação de dados na elaboração da genealogia familiar.
A oficina terá como público alvo os iniciantes em genealogia, pois se demonstrará como e onde pesquisar, além de analisar alguns dos diversos documentos que dão base à pesquisa, explorando as informações que um registro de batismo, casamento ou um inventário, por exemplo, oferecem, abordando-se também a questão da paleografia.


Oficina - Noções básicas de Genealogia e Paleografia
Data: 29/11/2008, das 9:00 às 17:00 horas (sábado)
Local: Rua Vigário José Inácio, n.º 371 (Galeria do Rosário)
Sala 1420 - Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul
Investimento: R$ 40,00 e R$ 35,00 (para os sócios do INGERS)
Vagas limitadas.
Maiores informações e inscrições escreva para
oficinadasorigens@gmail.com