Na Auzencia
Deixei-te, oh virgem formosa,
Triste, abatida e chorosa,
A derramar o teu pranto!
Deixei-te soffrendo as dores
Nascidas dos teus amores,
De teu affecto tão santo!
Deixei-te sim, é verdade,
Curtindo a dura saudade
De minha auzencia, querida,
Deixei-te, e amargura infinda
A transbordar vejo ainda
Do cálice da tua vida!
Mas ah, si tu, minha flor,
Tivesses a mesma dor
Que me causas e tu só,
Não sei si supportarias
Os tormentos e agonias
Que me supplantam, sem dó.
Não sei si a funda ferida
Que, aos poucos me extingue a vida
Poderá cicatrizar!
Só mesmo que a desventura
Ou que a morte negra, escura,
Não me deixe mais te amar!
Mas não póde o Deus bondoso
Tão grande e tão poderoso
Commelter a ingratidão
De roubar-me o doce amor
Que te consagro com ardor
Do fundo do coração!
É triste viver distante
De um anjo puro e constante
Que nos abraze de amor!
É triste, mas a saudade
É mais cruel, na verdade,
Que da auzencia a cega dor!
Mas a ventura, algum dia,
Trará doçura e alegria
Aos nossos bons corações,
E os unirá, flor querida,
Tornando-nos doce a vida
E intensas nossas paixões!
Porto Alegre, 12-3-1910.
Não me deixe mais te amar!
Mas não póde o Deus bondoso
Tão grande e tão poderoso
Commelter a ingratidão
De roubar-me o doce amor
Que te consagro com ardor
Do fundo do coração!
É triste viver distante
De um anjo puro e constante
Que nos abraze de amor!
É triste, mas a saudade
É mais cruel, na verdade,
Que da auzencia a cega dor!
Mas a ventura, algum dia,
Trará doçura e alegria
Aos nossos bons corações,
E os unirá, flor querida,
Tornando-nos doce a vida
E intensas nossas paixões!
Porto Alegre, 12-3-1910.